DORA
Quando os primeiros raios de sol de setembro iluminaram as janelas da família Souto de Castro, ouviu-se muitos aplausos efusivos. Naquele dia 01 de do mês primaveril comemorava-se os dezoito anos de Dora. A maioridade conquistada foi um dos indícios de mudanças na vida da garota. Os longos cabelos se foram na estação passada. As madeixas ganharam luzes e um corte moderno. Ela deixou de ser a garota sapeca que iluminava a casa com as suas travessuras. Os móveis daquela casa registraram cada fase de seu crescimento. Eles tinham "hieróglifos" desenhados pela garotinha dos cabelos negros. Os pais recriminavam as suas ações, mas o sorriso da filha desarticulava toda e qualquer raiva ainda existente. O quarto de Dora traduzia a sua personalidade. O ambiente fora ornamentado com cartazes de seus ídolos de séries de tv. O computador mostrava adesivos de ursinhos Pink e caricaturas das "Meninas super poderosas". A cama, os espelhos, o criado mudo e armários faziam parte daquele "reino encantado" de uma menininha sonhadora. Aquele quarto era um mundo à parte dos outros lugares. Ás vezes, configurava-se em um feudo sem senhores, vassalos e servos. Era um "casulo" que testemunhou muitas reuniões de estudo de Dora com as suas amigas da vizinhança. Cada menina confidenciava os seus medos e aflições no final de cada ano letivo. Naquele "reino" ocorreu muita disputa para consagrar o look mais bonito de sua dona e as suas "assistentes". Mas quando saia do quarto, Dora caminhava em "solo neutro". No entando, ela tinha a liberdade de rabiscar a escrivaninha do pai, e "organizar" a biblioteca da casa. Ela "ordenava" os livros de acordo com as suas cores. Esta "organização" custava algumas horas perdidas a seu pai para colocar todos os livros em seus lugares corretos. As mangueiras do quintal da casa foram devidamente "cuidadas" pela menina dos olhos negros. Os laços de cordas amarradas nas "cinturas" das árvores representavam uma nova moda criada por Dora. Era um novo modelito para as suas "filhas". Mas com o tempo essas "filhas" cresceram e tornaram-se independentes. O jardim daquela casa crescera e suas plantas brotaram flores, e depois disto novas flores para continuar a cada estação um novo ciclo. Assim, outro ciclo começava para Dora. A partir daquele primeiro de setembro, a simpática morena estava habilitada a desbravar outros mundos. Estes mundos eram diferentes do seu "reino encantado". Tinha agora um mundo chamado de universidade. Outra fase, outros personagens, e outras dificuldades. Aquela menina partiria para as conquistas mais difíceis de sua vida. Mas com o seu bom humor e sua auto estima alta, ninguém duvidava da sua futura consagração. -Adeus menina Dora, até a vitória!. Assim disse o seu pai.