PEDIDO DE CASAMENTO
O comerciante era benquisto na comunidade e até invejado por alguns. Tinha mulher e três pequenas que ajudavam no árduo trabalho do estabelecimento, quase em tempo integral de jornada.
O gajo era recatado, falava pouco e quase não tinha vida social. Nada falava e quando falava era para dizer preços de sua mercadoria.
Mas lugar pequeno, inferno grande, e como sempre há fofoqueiros de plantão em toda parte, corria a boca pequena que o português tinha recebido uma barrica cheia de ouro e dinheiro entre as que tinham vindo d’além mar, recebida como herança de parentes que por lá ficaram.
- Portuga, agora és um homem rico heim!!! Comentavam freqüentadores do
armazém de secos e molhados que mantinha para a sobrevivência da família.
-que nada “ô pá”. Vivo do que ganho aqui. Parente rico nem em sonho.
O tempo passava, a vida continuava, as três filhas cresciam. Os solteirões de plantão viram nas filhas do patrício um bom partido para um casamento, até por que, eram meninas bonitas e além de tudo, herdeiras.
Um dos solteirões, achando-se sortudo, pensando no ouro da criatura, conseguiu olhares apaixonados.
- Princesa portuguesa, quero namorar e casar, discursava o pretendente.
- Não podemos namorar sem que você vá falar com meu pai. Só namoro com permissão dele.
Marcado o dia e hora, lá foi o aspirante a noivo, como se fosse Dom Quixote, em direção a morada de sua “Dulcinéa del Toboso”.
Entrou, sentou a espera do pretenso sogro, que passados alguns minutos adentrou ao local do encontro.
- Pois não meu caro, sei o que o traz aqui. Fui alertado. Porém desejo ouvir que declare de seu intento.
- Serei direto. Vim pedir a mão de sua filha em casamento.
- Jovem pretendente, justa sua atitude em vir, porém aqui em minha casa, seguimos uma hierarquia em termos de casamento, disse o português, que continuou. Sua namorada é a filha do meio, então a primeira a casar deve ser a mais velha.
Caso.
- Serve a mais velha, afirmou o requerente.