Moléstia

Sentia um aperto no peito, uma dor que incomodava. Tossia um líquido viscoso e amarelo. Minha garganta estava irritada e dolorida. Não era capaz de levantar da cama, só conseguia ficar deitado. Era a doença que me corroía, destruía-me por todas as partes, acabava aos poucos com minha vida.

Hoje, ao amanhecer, descobri isso. Acordei com o corpo pesado, desanimado e sem força alguma. Tudo que tentava comer meu corpo negava, não queria mastigar, muito menos dissolver. Não quis mais me alimentar, seria à toa, desperdício de comida.

Deixei os comprimidos de lado, morreria de qualquer forma fazendo algo contra ou não. Liguei para todos meus amigos, familiares e amores, me despedia, avisava sobre minha morte, dizia para que rezassem por minha alma. Uma tia fez algo além disso, mandou um médico me visitar, olhar para meu corpo quase defunto e dar diagnóstico da morte.

Quando tudo acabaria? Amanhã? Daqui 10 horas? 2 horas? Agora? A tosse ficou mais forte… os pulmões sofriam para puxar ar. Sentia o coração aos poucos desacelerar. Perto de meu fim, faltando alguns segundos para a tão esperada hora, vi o doutor pousar seus equipamentos ao lado de meu leito. Seu olhar era sério, sabia que estava em um lugar fúnebre. Sentia o cheiro funesto que exauria de minhas entranhas.

Abriu rápido a maleta, não daria tempo de me salvar, eu estava prestes a visitar outro mundo, iria para um lugar melhor, um sem essa dor insuportável. O médico pegou um objeto, não consegui ver qual era, tudo estava embaçado, a escuridão aos poucos cobria minha vista. Por debaixo da camiseta, colocou o objeto em mim, ao lado do coração que parava. Seus gestos eram em vão, uma última tentativa desesperada diante do inevitável. Retirou o objeto e disse as últimas palavras que eu ouviria em vida: - Você só está gripado e com um pouco de febre, nada além. Beba um chá quente, resolverá!

Endriu Costa
Enviado por Endriu Costa em 05/09/2015
Reeditado em 05/09/2015
Código do texto: T5372039
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