O baile de máscaras - parte 7

"A máscara de ser inatingível"

"Despido de máscaras e escudos, era tão somente um vagalume... fingindo ser estrela."

Iza Mendonça

*

Jairo dirigiu por horas sem um rumo certo. Somente queria esfriar a cabeça e se esquecer que havia sido deixado pela esposa. Mas acima de tudo queria que a dor passasse , queria fugir da dor. O vento que batia em seu rosto pela janela entreaberta, a paisagem diferente que passava pela janela e a cidade que ficava para trás faziam todos os últimos acontecimentos parecerem somente sonhos ou melhor pesadelos e pareciam levar a dor para longe. A fazer voar que nem um papel deixado ao vento.

Jairo sempre acreditou que ele era inatingível. Que problemas como esses nunca atingiriam ele e sua casa. Em seu emprego, sempre tentou mostrar a imagem de chefe perfeito e que não sofre por problemas. Ele temia as consequências que os acontecimentos provocariam em sua carreira. Talvez no fundo a sua maior dor seja o medo do que as pessoas irão falar.

Quando ele se cansou de rodar pela cidade, quando a madrugada estava quase chegando, parou em um hotel qualquer na beira da estrada. O hotel tinha um pequeno bar com cerveja barata. A cerveja podia ser barata, mas fez bem a sua função que era lhe afastar de seus problemas. Bebeu mais do que deveria e acabou dormindo na mesa do bar. Quando acordou estava amanhecendo.

A cabeça de Jairo doía muito. Foi junto com a dor que veio a lembrança da filha. Mergulhado em sua dor ele esqueceu da menina. Sua Lyanna estava sozinha em casa.

Jairo rapidamente pagou suas contas e pegou as chaves do carro. Mesmo sabendo que não estava em condições de dirigir entrou no carro e deu partida. No caminho ele apenas pensava em Lyanna e em como ele foi irresponsável com a menina. Ele pensou no que os vizinhos falariam. Ele havia deixado a filha sozinha com um amigo da mesma idade que ela.

Sua visão não estava boa. Via tudo embaçado e a estrada parecia dançar a sua frente. Suas mãos suavam no volante. Naquele momento se arrependeu de não ter pegado um táxi. Mas era tarde demais. Assim como era tarde demais para se lamentar por não ter dado amor a sua esposa.

Cada curva parecia mais difícil que a outra. Até que em uma mais fechada o carro seguiu em direção as árvores.

No momento da batida ele reparou que todo ser humano é fraco. Que ele que se achava inatingível era frágil. Antes de desmaiar seus últimos pensamentos foram em Lyanna e nos seus vizinhos, no que eles falariam caso soubessem que ele sofreu o acidente por ter bebido.

Ana Carol Machado
Enviado por Ana Carol Machado em 03/09/2015
Código do texto: T5369713
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