Testemunho da Campanile
O Zé do Vô militou longos anos na prática da tonsura, numa barbearia central, mas nada de luxuosa. Até se aposentar. A coisa mais valiosa que de lá extraiu foi a cadeira de barbeiro Campanile, companheira de longa jornada. E que levou consigo para um barzinho mais periférico, que abriu
para não cair no ócio e pra ganhar uma beirada, como negócio.
Sua freguesia doutrora, de todo não sumiu, só mudou de perfil. E amiudou. Passou a ser de cervejeiros e de cachaceiros. Suas folgas dominicais, nunca mais. E no cantinho nobre do bar, a tudo espiar, a Campanile que não vendia por nada deste mundo.
E ela própria testemunhou um assalto, que de calças curtas, seu dono pegou: Zé do Vô tinha de liquidez só sete reais, nada mais. Que o meliante não poupou. Tudo aquilo levou.
Menos de uma hora passada, a Polícia agiu. E surpreendeu o malfeitor na Velho da Taipa, mais conhecida como rua do Alto, a menos de meio quilômetro da cena do crime. E dos sete reais, dois já haviam sido investidos em guloseimas. Recuperados os cinco, dois anos de cadeia sobraram para o assaltante. Para um Zé nem pouco exultante.