O baile de máscaras - parte 3

"A máscara que esconde o monstro"

"As máscaras caem e os monstros se revelam."

Matheus Medeiros

*

Albert amava seu trabalho. Era um dos professores mais amados da escola em que trabalhava. Era tão amado que era constante os convites dos alunos para que comparecesse em festas e clubes. De todos os professores era o mais popular. Era o professor da galera.

Mas Albert tinha um segredo que poucos conheciam. Por baixo dos seus sorrisos e piadas inteligentes havia um monstro que era muito bem disfarçada. Um monstro que acordava somente no momento certo.

*

Lyanna estava começando a achar que seu pedido havia se realizado, ou pelo menos se realizado em Alyssa, pois a menina havia lhe confessado que não era forte o tempo todo. Que era apenas uma máscara.

A menina estava tão distraída pensando nesse fato que nem reparou em quem vinha em sua direção. Acabou dando de encontro com o professor Albert. Os livros de ambos caíram no chão.

Lyanna tratou logo de se desculpar. O professor, que era um dos favoritos da menina, sorriu para ela e disse brincando:

-Tudo bem, Lyanna. Nunca ficaria com raiva de quem me chamou pra festa de aniversário. Se ficar com raiva pode ser que não seja chamado de novo.

Lyanna riu.

O professor havia ido para os seus quinzes anos. Foi um dos que mais se destacou. Albert tinha algo em seu sorriso que atraía as pessoas.

-Não se preocupe, o senhor já tem o convite Vip para o ano que vem.

Os dois riram e se despediram. Lyanna seguiu seu caminho e nem reparou na forma que o professor a olhava andar.

*

O monstro que morava dentro de Albert se agitava toda vez que uma aluna bonita vinha tirar uma dúvida em sua mesa. Ou então quando alguma esbarrava nele no corredor, como ocorreu mais cedo, com Lyanna. Mas ele sabia se controlar. Não poderia deixar as pessoas repararem seu terrível segredo.

No carro, voltando para casa, Albert estava sorrindo, pois no dia seguinte já seria sábado. Para muitas pessoas o fim de semana significava dormir até tarde ou sair com a família. Para Albert significava que seu monstro poderia se soltar. Poderia saciar seus desejos.

Nos fins de semana Albert dava aulas no interior. O local era relativamente longe da cidade em que morava. Ele teve o cuidado de escolher um local assim.

Ele dava aula de reforço para as crianças com dificuldade de aprendizagem da pequena comunidade. Entre essas crianças haviam muitas meninas bonitas. Albert sempre pedia para essas meninas ficarem depois dos outros sair, para revisar a matéria ou ter um reforço maior nas contas. Era nesses momentos que o mostro se mostrava.

Albert nunca teve problemas em esconder seus crimes, pois as meninas eram bem fáceis de assustar, ameaçar e além disso a única delegacia da cidade estava ocupada com casos de roubo de terras. Além disso seria a palavras das meninas contra a dele, todos iriam acreditar no bom professor. Ele seguia impune no interior e com sua máscara de bom cidadão na cidade. Acima de qualquer suspeita.

Na manhã de sábado. Seguiu alegre para o local. Ministrou a aula de qualquer jeito, pois sua mente estava na linda menina que estava sentada perto de sua mesa.

Quando os alunos começaram a sair, para pegar o longo caminho de volta para as suas casas, Albert chamou a menina e disse para ela ficar. Que ele precisava falar sobre o texto dela. A menina inocente ficou.

Quando todos saíram. O professor trancou a porta. A inocente menina se aproximou com seu caderno aberto na página que tinha seu texto.

-Aqui está o texto professor... -falou com uma voz baixa

-Esqueça esse texto... Quero lhe ensinar algo melhor...- dizendo isso, jogou o caderno em cima da mesa e tentou beijar a aluna.

-Pare! - gritou a menina correndo em direção da porta trancada.

O professor riu e disse:

-Pode gritar, ninguém vai ouvir. A sala está trancada e seus colegas um pouco longe.

Albert se aproximou lentamente da menina. Como um leão se aproxima de uma presa que está sem saída. Quando agarrou o braço dela sorriu, pois achou que tudo ocorreria como sempre ocorreu, porém estava enganado.

Quando tinha conseguido imobilizar a menina no chão, alguém abriu a porta e o pegou no ato. Depois disso tudo ocorreu muito rápido.

*

Lyanna estava tomando um soverte em frente a sua casa quando Lucas veio correndo, com uma cara de espantando. Sentou do lado dela, com o coração aos pulos e disse:

-Você viu a capa do jornal de hoje?

Lyanna não lia muito jornal, nem Lucas, por isso se espantou do amigo parecer tão entusiasmado com a capa do jornal.

-Não. O que tem?

-Você não vai acreditar... No que, ou melhor, em quem está na capa...

-Fale logo. Não me deixe curiosa.

Lucas respirou fundo e falou tão rápido quanto um narrador esportivo:

-É o professor Albert. Está sendo acusado de abusar de meninas em uma escola que dava aula no interior. Pelo que diz na capa, foi pego no ato por um zelador que tinha voltado para pegar um estojo esquecido por um aluno. Esse faxineiro disse que a menina que estava sendo abusada teve sorte, pois ele apenas ia na escola no dia seguinte, para fazer a faxina. Mas um aluno esqueceu o estojo na sexta e o perturbou tanto, que ele resolveu ir no sábado mesmo buscar. Por ser o faxineiro tinha a chave e...

Lucas teve que descansar por ter falado muito e rápido.

Lyanna estava chocada. Quem diria que um dos seus professores favoritos, que foi para sua festa de aniversário, que muitas vezes conversou com ela ,era um monstro?

-Como as pessoas nos enganam...

-Verdade... - concordou Lucas ainda sem ar- Ele parecia ser uma pessoa tão legal.

Lyanna ia responder qualquer coisa, mas lembrou de seu pedido de aniversário, por isso disse:

-Era somente uma máscara. Ele nunca foi realmente uma boa pessoa. Mas um dia as máscaras caem e algo me diz que muitas outras vão cair.

Ana Carol Machado
Enviado por Ana Carol Machado em 08/08/2015
Código do texto: T5339073
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