BOLO DE CHOCOLATE
No curso de Formação de Escritores que estou fazendo, o professor nos desafiou a escrever uma cena onde estivessem presentes os cinco sentidos: olfato, paladar, tato, audição e visão. Ou quase todos. O resultado desta pequena aventura está aqui. Degustem!
Era da cozinha que vinha o aroma delicioso que tomou conta da casa. Maria salivou quando finalmente o bolo de chocolate foi posto sobre a mesa apenas para observação. Ainda não era o momento de ele ser degustado. Faltava finalizar. Dona Odete, a mãe, despejou com cuidado a cobertura de leite condensado, espalhando o creme com uma faca por toda a superfície e laterais. Os olhos de Maria brilharam, antevendo o prazer de saborear a sobremesa. Em menos de dois minutos, o bolo de chocolate estava pronto. Sobre a cobertura de leite condensado, Dona Odete ainda colocou raspas de chocolate para enfeitar. De repente, Maria se viu a sós com sua sobremesa preferida. Não havia ninguém por perto. Ela fechou os olhos e cravou os dentes com vontade, sentindo o leite condensado escorrer pelo queixo e o chocolate se desmanchar dentro da boca. Mas não esperava que sua sobremesa favorita estivesse tão quente. Recém saído do forno, o bolo desceu queimando a garganta de Maria e o prazer se foi. A língua ainda queimava quando ela emborcou um copo cheio de água gelada, tão gelada que os seus dentes sensíveis doeram. Mas o bolo continuava ali em cima da mesa, nem tão intacto agora. Quem sabe mais um pedacinho? Desta vez Maria pegou a faca e cortou uma fatia grande. Encostou o nariz no bolo e na cobertura para sentir o cheirinho dele. Soprou bem, nem pensar em se queimar novamente! E sem ligar para boas maneiras, enfiou tudo dentro da boca, mastigando bem devagarinho e gemendo de prazer. Um bolo de chocolate bem feito podia ser melhor que sexo.