EU SEI QUE VOCÊ SABE - EC
Quando Elisa e Romeu foram morar no apartamento ao lado de Júlio e Nancy todos ficaram satisfeitos, pois Júlio e Romeu eram muito amigos e Elisa e Nancy logo tornaram-se amigas tambem.
A amizade estreitou-se. Os bate-papos à noitinha, as refeições compartilhadas, o joguinho de baralho nas tardes de domingo, alguns passeios juntos eram alegres e divertidos.
Elisa e Nancy eram muito diferentes.Elisa viera de uma família tradicional, de costumes austeros, achava que a Nancy era um tanto extrovertida demais e Nancy dizia brincando que Elisa parecia uma donzela do século dezenove.
Respeitadas as diferenças, entretanto, as duas se davam bem até o dia em que Elisa desconfiou de que a outra estava se engraçando com seu marido.
Tudo começou no dia que Romeu chegou em casa com uma mancha de batom nos lábios.
Ingenuamente Elisa brincou com ele imaginando que aquilo não devia ser batom, mas ele mesmo condenou-se:
— Foi a maluca da Nancy. Subimos juntos no elevador, eu caçoei do batom horroroso que ela estava usando e ela tascou-me um beijo.
Disse isso rindo com tanta naturalidade que Elisa ficou sem saber o que dizer, mas não achou graça nenhuma.
E o Romeu abraçou-a rindo e dizendo que não precisava ficar bravinha que foi só uma brincadeira, que só ela era mulher para ele, etc.
Mas Elisa ficou desconfiada e começou a reparar nos dois e cada vez mais achar que eles estavam muito interessados um no outro.
Só o tolo do Júlio não percebia nada. Elisa tinha vontade de alerta-lo, mas não achava jeito.
Até que um dia Romeu disse a Elisa que ia fazer um curso de esperanto, à noite.
— Esperanto? Pra que isso?
— É uma língua muito interessante. Ainda vai ser a língua universal no planeta...
Elisa ficou desconfiada e quando soube que Nancy ia fazer um curso de corte e costura, “coincidentemente” no mesmo horário da aula de esperanto do Romeu não teve dúvida e resolveu tirar a historia a limpo.
Ficou observando quando Romeu saiu com o carro, devagar, parou na esquina e logo após o carro de Nancy saiu da garagem também. Não teve dúvida, pegou seu próprio carro e conseguiu segui-los até onde pararam próximo a um motel.
Voltou rapidamente para casa e ligou para o Júlio disfarçando a voz:
— O senhor é o marido da Nancy?
— Sim. Quem está falando?
—O senhor não me conhece. Ela bateu o carro, eu ia passando e ela me pediu para avisá-lo.
Deu o endereço e correu a janela a tempo de ver o carro de o Júlio sair em disparada.
Coitado! Tomara que consiga pegar os dois!
Ansiosa ficou esperando a volta do Romeu. Queria transformar-se em uma mosca para voar até lá e assistir a cena, mas é claro que não aconteceu isso.
Só bem mais tarde ele entrou. Estava com o rosto machucado, o nariz sangrando e ela fingindo- se mais ingênua ainda do que era, perguntou:
— Que foi isso, querido? Machucou-se.
— Levei um tombo.
— Nossa, está parecendo que levou uma porrada.
Romeu não disse mais nada. Entrou no banheiro e só saiu bem mais tarde indo direto para a cama.
No dia seguinte, com o rosto inchado e os olhos vermelhos, não fez qualquer referência ao seu curso de esperanto nem contou os pormenores do “tombo”
Tampouco comentou o misterioso sumiço dos vizinhos que se foram sem sequer se despedir.
Nunca falaram no assunto, mas Romeu sabia que Elisa sabia o que acontecera aquela noite.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Eu Sei que Você Sabe
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/euseiquevocesabe.htm.
Quando Elisa e Romeu foram morar no apartamento ao lado de Júlio e Nancy todos ficaram satisfeitos, pois Júlio e Romeu eram muito amigos e Elisa e Nancy logo tornaram-se amigas tambem.
A amizade estreitou-se. Os bate-papos à noitinha, as refeições compartilhadas, o joguinho de baralho nas tardes de domingo, alguns passeios juntos eram alegres e divertidos.
Elisa e Nancy eram muito diferentes.Elisa viera de uma família tradicional, de costumes austeros, achava que a Nancy era um tanto extrovertida demais e Nancy dizia brincando que Elisa parecia uma donzela do século dezenove.
Respeitadas as diferenças, entretanto, as duas se davam bem até o dia em que Elisa desconfiou de que a outra estava se engraçando com seu marido.
Tudo começou no dia que Romeu chegou em casa com uma mancha de batom nos lábios.
Ingenuamente Elisa brincou com ele imaginando que aquilo não devia ser batom, mas ele mesmo condenou-se:
— Foi a maluca da Nancy. Subimos juntos no elevador, eu caçoei do batom horroroso que ela estava usando e ela tascou-me um beijo.
Disse isso rindo com tanta naturalidade que Elisa ficou sem saber o que dizer, mas não achou graça nenhuma.
E o Romeu abraçou-a rindo e dizendo que não precisava ficar bravinha que foi só uma brincadeira, que só ela era mulher para ele, etc.
Mas Elisa ficou desconfiada e começou a reparar nos dois e cada vez mais achar que eles estavam muito interessados um no outro.
Só o tolo do Júlio não percebia nada. Elisa tinha vontade de alerta-lo, mas não achava jeito.
Até que um dia Romeu disse a Elisa que ia fazer um curso de esperanto, à noite.
— Esperanto? Pra que isso?
— É uma língua muito interessante. Ainda vai ser a língua universal no planeta...
Elisa ficou desconfiada e quando soube que Nancy ia fazer um curso de corte e costura, “coincidentemente” no mesmo horário da aula de esperanto do Romeu não teve dúvida e resolveu tirar a historia a limpo.
Ficou observando quando Romeu saiu com o carro, devagar, parou na esquina e logo após o carro de Nancy saiu da garagem também. Não teve dúvida, pegou seu próprio carro e conseguiu segui-los até onde pararam próximo a um motel.
Voltou rapidamente para casa e ligou para o Júlio disfarçando a voz:
— O senhor é o marido da Nancy?
— Sim. Quem está falando?
—O senhor não me conhece. Ela bateu o carro, eu ia passando e ela me pediu para avisá-lo.
Deu o endereço e correu a janela a tempo de ver o carro de o Júlio sair em disparada.
Coitado! Tomara que consiga pegar os dois!
Ansiosa ficou esperando a volta do Romeu. Queria transformar-se em uma mosca para voar até lá e assistir a cena, mas é claro que não aconteceu isso.
Só bem mais tarde ele entrou. Estava com o rosto machucado, o nariz sangrando e ela fingindo- se mais ingênua ainda do que era, perguntou:
— Que foi isso, querido? Machucou-se.
— Levei um tombo.
— Nossa, está parecendo que levou uma porrada.
Romeu não disse mais nada. Entrou no banheiro e só saiu bem mais tarde indo direto para a cama.
No dia seguinte, com o rosto inchado e os olhos vermelhos, não fez qualquer referência ao seu curso de esperanto nem contou os pormenores do “tombo”
Tampouco comentou o misterioso sumiço dos vizinhos que se foram sem sequer se despedir.
Nunca falaram no assunto, mas Romeu sabia que Elisa sabia o que acontecera aquela noite.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Eu Sei que Você Sabe
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