UM LEQUE DE INTERPRETAÇÕES

Olhando de perto, parecia-me que o tempo parou, o leque continuava o mesmo, eu o olhei por toda sua imensidão e não teve jeito, não queria acreditar, mas a cada olhar me partia o coração, estava o leque dentro de um buraco, arrodeado por ratos de toda espécie, do lado de fora, um grupo de urubus esperavam o momento certo para abocanhar a refeição.

Coitado do leque, passara da condição de mais importante, virgem do sertão, para abandonado, e agora se encontrava afundando em obscuro buraco, devido ao passar de mãos em mãos, um tempo programado, onde quem estava de posse do leque não efetuava nenhuma manobra, para conservar a sua beleza, os que não tinham posse do leque, falavam demais, mas nunca tinham nada a dizer, preocupavam-se somente em o leque novamente ter.

Por todos os lados havia rumores de que novas pessoas, grupos estavam se preparando para disputar a posse do leque, porém, grupos novos e pessoas velhas imbuídas de pensamentos e ideias velhas, defendendo ás mesmas praticas que outrora levaram e agora mantém o leque no buraco. Pensamentos que pregam a alternância de poder, a hereditariedade, o egocentrismo, planos que cultuam o interesse próprio e só isso.

O leque sempre fora um bom amigo, acolhedor, por vezes injusto, mas na maioria das vezes firme e centrado, por vezes banhado por tanto esplendor, outras vezes sufocado, por quem infielmente lhe jurara amor. Os amigos do leque, mais velhos morreram, outros viajaram, fugiram, porém, os mais novos estão agora fadados, perdidos no mundo da fumaça, rumo ao buraco, ao encontro do amigo, alguns de encontro marcado com a terra, aquela mesma que faz brotar a erva, por isso poucos vão ler.

O leque a cada dia se entristece, ressentido com que lhe jurou proteger, com medo daqueles que novamente o querem dominar, envergonhado com quem recebeu a incumbência de o ter. E implora por tempos diferentes de hoje, de ontem e de outrora, quer fazer amigos novos, com ideias novas, amigos que possam restituir seu esplendor, que pensem nele acima de qualquer coisa, da própria

cobiça e em qualquer hora.

NUNES, Elisérgio.

Elisérgio Nunes

Parnaramense

Elisérgio Nunes
Enviado por Elisérgio Nunes em 21/07/2015
Reeditado em 09/07/2019
Código do texto: T5318552
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