Sem noção para sonhar
Dois caipiras pausavam da Ceia
Deitados de pança para o ar, ao lado da colheita...
Enquanto um, tirava cochilo
O outro sossegadamente fumava cachimbo
De repente, o ambiente não ficou agradável
O caipira acordou ligeiro e irritado:
“Que lasquera de nuvem é essa...”
O caipira fumante respondeu pensante:
“É o anuviado...
De todos os meus desejos sonhados”
E baforava pelos ares,
Desenhos em fumaça de seus pensares
Realmente, coisa de matuto sem ideia na mente
Foi quando o outro caipira resolveu ser inteligente,
Abanava as mãos todo frenético
Para sumir com a fumaça do cachimbo fétido!
“Eu falo daquela lasquera de nuvem lá do alto,
Que o céu infinito,
Desenhou direitinho!
Naquelas nuvens alvinhas de tanta brancura:
Óia lá, sua cara de moribundo sem cura!
O caipira parou de fumar
Só para admirar sua imagem de morto,
No céu como altar...