A cor do pecado
As palavras não saíam de sua boca, tentava em vão balbuciar mas nada.
Outrora Adamastorino era um homem elegante, garboso,dono de um raciocínio rápido, falador por natureza, este ultimo item foi o que aliás lhe deu emprego de vendedor.Aliado ao seu poder de convencimento,a sua tagarelice lhe proporcionou boas vendas, levando-se em consideração que trabalhava com com mercadoria que causava um pouco de repulsa( iscas de peixe) de todos tipos.
Ele , um homem alto de grande porte,como já disse era garboso, tentava manter a forma, mesmo com seus 110 kg, ele fazia o possivel para manter-se alinhado em suas camisas brancas e calças pretas, cuidava muito bem da aparência pois esta lhe abria as portas. Nunca se casou, teve alguns amores , mas vivia melhor sozinho, e desta maneira poderia acordar no final de semana, a qualquer horário, poderia viajar sempre que quisesse, sem ter compromissos com ninguém. Vivia bem dessa maneira.
Tudo mudou quando em uma viagem para Maruapá, um lugar entrevado no meio de colinas e com um rio caudoloso. Cidade pequena, de gente hospitaleira e com clima agradável.Depois de 3 horas de carro chegou e se hospedou em uma pousada, simples e acolhedora,sentia-se revigorado depois de um banho, passou seu perfume preferido, como odor almiscarado, vestiu a calça preta que tanto gostava e estava prestes a colocar a camisa, quando por curiosidade foi até a janela, ficou olhando aquela paisagem, a colina verdejante atrás do rio que cortava a cidade, as ruas pequenas, as pessoas que passavam sem pressa, como se não houvesse compromissos a cumprir, tudo em perfeita harmonia com um dia de sol.
Foi aí que ele a avistou, descendo a calçada vinha uma morena brejeira, com andar rebolativo, suas pernas pareciam ter um movimento em câmera lenta, parecia que o mundo parava para ela. Ele ficou ali olhando aquela criatura maravilhosa, sem piscar. A morena vinha desfilando,com um vestido vermelho e sandálias brancas, o sol irradiava a beleza trigueira da moça, que trazia nos cabelos uma flor branca.Lânguida e faceira, na rua quem passava, não conseguia deixar de olhar a morena, esta por sua vez, percebia o interesse dos homens e então, rebolava mais ainda e mantinha-se como se fosse inatingível a qualquer mortal. Corpo ereto, andar vagoroso, pele bronzeada , sorriso fácil.Era pura tentação.
Adamastorino estava embevecido de tanta beleza, como uma mulher assim poderia caminhar sozinha e num dia de sol, eis que a mesma parou e sentou-se em um banco de pedra que havia próximo a poudada,nesse momento o ímpeto dele foi vestir a camisa branca,calçar os sapatos bem engraxados e pentear o vasto bigode; saiu num louco frenesi a descer a escada da hospedaria, para tão logo chegar à calçada.
Esbaforido, e tentando parecer alinhado, chegou próximo a morena, parou à sua frente, não consegui articular nenhuma palavra, o som do estampido, breve seco ecoou em sua cabeça. A moça desesperada soltou um grito, alguns olhavam para aquele homem caído no chão,ao fundo vinha o som de uma sirene, e nada mais.No chão o sangue escorria, contrastando com a cor cinza do asfalto, deixando claro que o ferimento era grave. Os olhos de Adamastorino estavam semicerrados, a luz do sol o atingia em cheio, a escuridão se fazia presente.
Quando acordou estava em um local branco, impessoal, com cheiro de remédios, viu próxima a figura de uma mulher com jaleco branco,estava de costas para ele. Sentia seu rosto arder, não sabia porque, tentava se mexer, em vão. Não conseguia, tentou levantar um braço, não consegui, sentiu um aperto no coração, o que havia acontecido? Tentou mexer a perna , impossível, algo o impedia de se mexer, então murmurou algo, ininteligível, não saiu a palavra, mas o som foi o suficiente para chamar a atenção da mulher que estava na sala.
A enfermeira olhou-o e chamou o médico, este examinou e fez perguntas à Adamastorino , mas ele não conseguia verbalizar o que ocorria em sua mente,por fim, o médico indagou pela família à enfermeira, esta respondeu, que ele não tinha recebido ninguém, não havia contatos para chamar.Adamastorino só observava, pois como disse, não conseguia se comunicar de forma a ser entendido, então foi dito pelo médico, que o tiro o havia deixado neste estado e provavelmente nunca mais andaria e teria sua fala prejudicada, pois o tiro o acertara na nuca e havia atingido a parte responsável pela linguagem.Difcilmente ele voltaria ser o mesmo, isto ele pensou, e tentou balbuciar algumas palavras, mas elas não saíam, tentava várias vezes, só ruídos e sons desconexos, olhou o teto e chorou.
Da morena ,nunca mais se soube, sabia-se apenas que depois do ocorrido ela e seu amante nunca mais foram vistos em Maruapá.
E Adamastorino continuava sua lenta agonia , mas as palavras não saíam.
As palavras não saíam de sua boca, tentava em vão balbuciar mas nada.
Outrora Adamastorino era um homem elegante, garboso,dono de um raciocínio rápido, falador por natureza, este ultimo item foi o que aliás lhe deu emprego de vendedor.Aliado ao seu poder de convencimento,a sua tagarelice lhe proporcionou boas vendas, levando-se em consideração que trabalhava com com mercadoria que causava um pouco de repulsa( iscas de peixe) de todos tipos.
Ele , um homem alto de grande porte,como já disse era garboso, tentava manter a forma, mesmo com seus 110 kg, ele fazia o possivel para manter-se alinhado em suas camisas brancas e calças pretas, cuidava muito bem da aparência pois esta lhe abria as portas. Nunca se casou, teve alguns amores , mas vivia melhor sozinho, e desta maneira poderia acordar no final de semana, a qualquer horário, poderia viajar sempre que quisesse, sem ter compromissos com ninguém. Vivia bem dessa maneira.
Tudo mudou quando em uma viagem para Maruapá, um lugar entrevado no meio de colinas e com um rio caudoloso. Cidade pequena, de gente hospitaleira e com clima agradável.Depois de 3 horas de carro chegou e se hospedou em uma pousada, simples e acolhedora,sentia-se revigorado depois de um banho, passou seu perfume preferido, como odor almiscarado, vestiu a calça preta que tanto gostava e estava prestes a colocar a camisa, quando por curiosidade foi até a janela, ficou olhando aquela paisagem, a colina verdejante atrás do rio que cortava a cidade, as ruas pequenas, as pessoas que passavam sem pressa, como se não houvesse compromissos a cumprir, tudo em perfeita harmonia com um dia de sol.
Foi aí que ele a avistou, descendo a calçada vinha uma morena brejeira, com andar rebolativo, suas pernas pareciam ter um movimento em câmera lenta, parecia que o mundo parava para ela. Ele ficou ali olhando aquela criatura maravilhosa, sem piscar. A morena vinha desfilando,com um vestido vermelho e sandálias brancas, o sol irradiava a beleza trigueira da moça, que trazia nos cabelos uma flor branca.Lânguida e faceira, na rua quem passava, não conseguia deixar de olhar a morena, esta por sua vez, percebia o interesse dos homens e então, rebolava mais ainda e mantinha-se como se fosse inatingível a qualquer mortal. Corpo ereto, andar vagoroso, pele bronzeada , sorriso fácil.Era pura tentação.
Adamastorino estava embevecido de tanta beleza, como uma mulher assim poderia caminhar sozinha e num dia de sol, eis que a mesma parou e sentou-se em um banco de pedra que havia próximo a poudada,nesse momento o ímpeto dele foi vestir a camisa branca,calçar os sapatos bem engraxados e pentear o vasto bigode; saiu num louco frenesi a descer a escada da hospedaria, para tão logo chegar à calçada.
Esbaforido, e tentando parecer alinhado, chegou próximo a morena, parou à sua frente, não consegui articular nenhuma palavra, o som do estampido, breve seco ecoou em sua cabeça. A moça desesperada soltou um grito, alguns olhavam para aquele homem caído no chão,ao fundo vinha o som de uma sirene, e nada mais.No chão o sangue escorria, contrastando com a cor cinza do asfalto, deixando claro que o ferimento era grave. Os olhos de Adamastorino estavam semicerrados, a luz do sol o atingia em cheio, a escuridão se fazia presente.
Quando acordou estava em um local branco, impessoal, com cheiro de remédios, viu próxima a figura de uma mulher com jaleco branco,estava de costas para ele. Sentia seu rosto arder, não sabia porque, tentava se mexer, em vão. Não conseguia, tentou levantar um braço, não consegui, sentiu um aperto no coração, o que havia acontecido? Tentou mexer a perna , impossível, algo o impedia de se mexer, então murmurou algo, ininteligível, não saiu a palavra, mas o som foi o suficiente para chamar a atenção da mulher que estava na sala.
A enfermeira olhou-o e chamou o médico, este examinou e fez perguntas à Adamastorino , mas ele não conseguia verbalizar o que ocorria em sua mente,por fim, o médico indagou pela família à enfermeira, esta respondeu, que ele não tinha recebido ninguém, não havia contatos para chamar.Adamastorino só observava, pois como disse, não conseguia se comunicar de forma a ser entendido, então foi dito pelo médico, que o tiro o havia deixado neste estado e provavelmente nunca mais andaria e teria sua fala prejudicada, pois o tiro o acertara na nuca e havia atingido a parte responsável pela linguagem.Difcilmente ele voltaria ser o mesmo, isto ele pensou, e tentou balbuciar algumas palavras, mas elas não saíam, tentava várias vezes, só ruídos e sons desconexos, olhou o teto e chorou.
Da morena ,nunca mais se soube, sabia-se apenas que depois do ocorrido ela e seu amante nunca mais foram vistos em Maruapá.
E Adamastorino continuava sua lenta agonia , mas as palavras não saíam.