A COSTUREIRA
Depois de um dia exaustivo na lida com os filhos, a casa, os animais e a horta da família. Delcina se aproxima da cama de cada um dos filhos, arruma o cobertor sob o queixo deles, alisa seus cabelos carinhosamente, lhes dá um beijo na testa:
-Deus os abençoe!
Sai do quarto silenciosamente, porém antes para por um momento na porta e olha uma vez mais...
Agora, já sabendo que dormem tranquilamente ela pega sua bolsa de costura, coloca sobre a mesa, tira alguns tecidos, a fita métrica, alfinetes, o molde, a tesoura e um caderno no qual anota as medidas das freguesas. Ela está cansada, mas precisa do dinheiro daquelas roupas para completar o orçamento da casa. O marido de Delcina está ausente trabalha em outra cidade, portanto “sobra” para ela a responsabilidade com os filhos: a educação, o sustento, pois nem sempre o que o marido trás é suficiente.
A madrugada a pega acordada. Os olhos ardem o sono teima em fechar suas pálpebras, mas ela insiste e resiste! Quando os primeiros raios de sol entram pela fresta da janela iluminam o rosto cansado de Delcina que passou a noite em claro, mas que cumpriu com o que prometera: Confeccionou a roupa! Ela pega o retalho de tecido que sobrou, coloca em uma caixa e sai para entregar a encomenda.
Quando retorna feliz, nas mãos ela carrega um livro de Português para a filha mais velha e alimentos para os mais novos. Retoma a rotina da casa.Hoje ela não vai costurar para outras pessoas. Pega a caixa de retalhos e começa a costurar um edredom de retalhos, afinal é inverno e o frio chegou castigando impiedosamente...