DEIXE-ME ENTRAR EM SUA CASA

- Pois não, o que o senhor deseja?

- Desculpe lhe encomendar, mas gostaria de saber se eu poderia entrar em sua casa?

- Como assim entrar em minha casa? Eu por acaso sei quem o senhor é?

- Então você não se lembra mais de mim?

- Não, nunca o vi mais gordo!

- Não sabia que eu poderia ser esquecido com tanta facilidade.

- Por favor, encurta logo essa conversa que eu não tenho tempo para ficar perdendo.

- Está certo, tenha um pouco mais de paciência. Pelo que vejo, desde que você me expulsou da sua vida, não tem mais paciência para nada.

- Ora, agora eu me arrumei! E quem é você para vir me julgar? Você é só um desconhecido, alguém que, Deus sabe lá por que, vem bater à minha porta para me importunar. Já estou com vontade de lhe expulsar daqui a pontapés!

- Não vejo bondade alguma nisso, meu amigo. Justamente pelo fato de você estar falando com um desconhecido, deveria ser mais amável.

- Quem decide quem eu devo ou não devo ser sou eu, meu caro. Não vivi a minha vida inteira para receber lições de alguém que sequer sei o nome. O que você sabe ao meu respeito? Absolutamente nada!

- Eu sei bem mais do que você possa imaginar.

- Pois guarde o que você sabe somente para você. Eu não estou nem aí para a sua opinião.

- Não seja presunçoso nem soberbo. Você fala como se não precisasse das pessoas, como se bastasse a si mesmo. Mas ouça o que vou lhe dizer, meu caro amigo: sem as pessoas para te amar, você não é nada.

- Agora você está ultrapassando todos os limites! Eu abro a porta para você, faço-lhe o favor de lhe dirigir a palavra e você tem a petulância de me chamar de presunçoso e soberbo? Escute, aqui, ou você se vira e vai embora, ou não respondo por mim.

- Mantenha a calma. Responda-me uma pergunta: você acredita em Deus?

- Que pergunta é essa? É claro que eu acredito. Todo mundo acredita em Deus.

- E que provas você pode me dar da sua fé?

- Provas? Meu amigo, pelo amor de Deus, que questionário é esse? Eu trabalho, pago meus impostos, cuido da minha família, sou honesto.

- Que bom.

- E se você quer saber, eu também dou esmolas, vou aos cultos, cumpro a minha obrigação como cristão.

- A sua obrigação?

- Sim, a minha obrigação! Olha, estou muito apressado, preciso ir trabalhar. Não quero mais perder meu tempo com você. Saia da frente da minha casa e nunca mais volte a me importunar.

- Está bem, eu irei. Mas espero vê-lo um dia. Com certeza será no dia em que mais você precisar.

- Espero não precisar nunca! Vá em paz.

- Você não quer ao menos saber como me chamo?

- Ai, ai... Diz, vai, como você se chama?

- Eu me chamo AMOR.

Mizael Souza
Enviado por Mizael Souza em 03/07/2015
Código do texto: T5298186
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