Era só mais um dia. Mais um e exatamente igual a qualquer outro, e a todo os outros. Á muito a vida de Mariana tinha se resumido a acordar, trabalhar e voltar para casa. Todos os planos da faculdade de conquistar o mundo, agora riam de sua ingenuidade. 

     Enfim ela havia percebido, não era especial, na verdade era bem comum, desde seu cabelo médio castanho-escuro, olhos quase pretos, 1,65 cm de altura, pele morena. Durante o curso de contabilidade nunca se destacou, suas notas transitavam entre o bom e o ruim. Essa era ela: mediana, medíocre, comum.

     Desde a infância ouvia de seus parentes: Essa vai longe! Você é especial! Acreditamos em você! Que linda sua filha D. Maria! E assim ela cresceu, escutando todas aquelas frases de incentivo e motivação, tão característicos dos pais de hoje. E ela acreditou. Pensou que o destino lhe estenderia um tapete vermelho. O tapete nunca veio. Trouxeram-lhe no lugar um salário mínimo numa empresa de médio porte, num cargo de assistente contábil - entre o contador e o auxiliar. 

     A média era sua sina, sua maldição. Pensou isso, suspirou e voltou a calcular a média de lucros anual.