Charadas do Manuel
O Manuel se sente solto, à vontade, para falar da vida no campo - que se viu compelido a trocar pelo conforto da cidade, a segurança do emprego, os cobres no fim do mês, a família alimentada, vestida e calçada. E balas de hortelã, das quais todo mundo é fã.
Mas é na volta às coisas do campo, e enquanto esfrega a lataria de algum automóvel na garage em que trabalha, é que o Manuel solta as rédeas cavalgando na imaginação, enquanto economiza no sabão:
Ah, o duro é surucá a terra.
E fui dormir com aquele surucá na cabeça. Já tinha conhecimento do suruco, suruca, que justamente definem algo sem rabo, como uma cabeça de criança, um flecha, um papagaio, por exemplo, voador, ou palrador. Sem paz no sono, a idéia de descobrir a razão do surucá, deixo pra lá.
E só uns dias depois, mais que dois, é que me esbarrando em leitura sobre os sulcos feitos por um arado, é que me dou por achado. Surucá vem de sulcar.
Vamos ver a próxima charada do Manuel.