CALOR HUMANO

CALOR HUMANO

“Elô “passou em frente à portaria, olhou a placa pendurada na janela do primeiro andar” aluga-se”. Foi ate à imobiliária, conseguiu um fiador e alugou o AP. Chegou toda cheia de si na vila dizendo “adeus favela”( Tinha morado a vida toda ali, sua mãe morrera e deixou o barraco pra ela) agora iria morar em um apartamento, seu sonho desde criança. A vizinhança a olhou com desprezo. Arrumou um caminhão pôs toda a mudança e soltou ate foguete na saída. Enfim mudou-se.

Em seu novo endereço, se encontrasse com algum morador dava um sorriso e um largo”bom dia” as vezes era respondida, mas na maioria das vezes ignorada.” Que gente metida a besta”pensava;

“No primeiro mês estava sempre feliz” bom dia”. No segundo, “oi” no terceiro passava cabisbaixa. O sindico cobrava-lhe dois condomínio atrasados, a Cemig duas contas de luz atrasadas. No quarto mês ninguém a via. Começou a frequentar a vila novamente dizendo sentir saudades do barraco fechado e dos vizinhos.

Uma noite bem tarde, (seria quase meia noite) parou uma perua na portaria e encheu a com que sobrou de sua mobília (vendera quase tudo para quitar as despesas do condomínio e sair de cabeça erguida) e voltou para seu barraco. Na manhã seguinte acordou cedo para ir trabalhar, olhou tudo a sua volta e segui pelo beco, antes que abrisse a boca alguém dizia “ bom dia Elô”. “Bom dia” e assim ate chegar ao asfalto. Olhou para o prédio em que morou por quatro meses La embaixo e deu uma banana para ele. Seguiu cumprimentando o novo dia “bom dia vida” e viu que seu lugar era mesmo ali aonde sentia o calor de muitos bons dias.