O ENCONTRO DO TER COM O SER

Ainda garotos em uma nação chamada Brasil, havia o Ser e o Ter, eles eram da mesma idade.

O Ser era filho de um piedoso borracheiro e o Ter era filho de um perigoso politico corrupto.

Ambos tornaram-se adultos.

O Ser possuía uma identidade autêntica, dizia:

-"Para ganhar o sujeito tem que trabalhar e ajudar".

O Ter era total contrário do Ser, dizia:

-"Para eu sorrir, tenho que possuir,

só vou ajudar quando chegar a hora do gado votar".

O Ser com sua sabedoria, dizia:

-" Me preocupo com existências, não com aparências".

O Ter com sua obsessão, dizia:

-"Quero bens e possessão, gosto de ostentação".

Assim como seus pais o Ser tornou-se um piedoso borracheiro e o Ter um sagaz politico corrupto. O Ser nos momentos longe de seu trabalho se dedicava a leitura, estudos, multiplicava sua existência real, fazia o bem sem menos olhar a quem.

O Ter multiplicava suas riquezas, somava sua arrogância, tirava daquele que tinha fome, queria seu povo analfabeto, não investia na educação para não ter uma geração de pensadores, a saúde publica da sua terra era precária, o Ter contaminava a nação, prejudicava no desenvolvimento do país, multiplica violência, e por fim gerava o ódio e o caos.

Um certo dia viajando pela estrada de seu país no seu luxuoso carro dois pneus furaram.

O destino colocou o Ter no encontro do Ser, foi então que o Ser revelou-se ao Ter.

Na borracharia do Ser disse o Ter:

-"Não tenho tempo a perder eu sou o Ter, não gosto de demorar, pois tenho muito a fazer".

Respondeu o Ser;

-"Sei que o Srª Ter é precipitado, agora se compare ao seu carro com o pneu furado.

O Srª só pensa em possuir, usufruir, extorquir, agora, imagine nesse seu legado a situação da sua própria sua nação, querendo prosseguir e um certo Ter querendo regredir.

O Srª tem que sentir, refletir e perceber, a vida não é só ganhar é também perder e ceder. Aguarde sua vez, outra borracharia fica á duas horas dessa cidade, vai precisar de paciência, não me venha com eloquência, aqui na borracharia não atendemos pela aparência, antes de você ainda tenho três clientes para atender. Aqui o Srª tem que entender, respeitamos homens sem olhar o seu poder”.

Disse o Ter:

-"Eu pago um grande dinheiro para você seu borracheiro, você deve tá com fome,

como é mesmo seu nome?".

Respondeu o Ser:

-"Meu nome é Ser, eu não preciso Ter, não quero mensalão homem de duro coração,

preciso trabalhar, aguarde sua hora chegar".

Então o Ser abaixou a porta da borracharia e foi fazer alguns serviços externos.

Cinco horas depois já escurecia, o Ser voltou a borracharia. Lá esperava o Ter, e com grande arrogância disse o Ter ao Ser:

-"Veja só que fim de mundo vim parar, o celular não tem sinal, você é um marginal, me deixou aqui a esperar, nem um telefone público tem nessa droga de lugar e uma borracharia de um fodido boia fria."

Então respondeu o Ser:

-"Isso é culpa dos nossos políticos, que só pensam nas suas ganâncias e por falta de consciência não dão assistência para o povo em suas carências. As nossas contribuições estão nas contas desses ladrões. O Sr me chamou de marginal, realmente eu sou, pois trabalho honestamente, legalmente as margens da minha cidade.

Já o Srª é o "poderoso" Ter que não para de querer se enriquecer, a troco de seu prazer, gosta de se aparecer e não vai levar nada dessas coisas quando morrer".

Rogério Rodrigues

Rogher Rodrigues
Enviado por Rogher Rodrigues em 23/06/2015
Reeditado em 01/11/2017
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