O Sapo
Os tempos lá na roça eram difíceis, principalmente no tangente a água para o consumo diário.
Não se tinha água canalizada, o riacho ficava distante, uns três km, a água que abastecia a casa era trazida em carro de bois. Dava-se várias viagens até encher o tanque de alvenaria que ficava na beira da cozinha e este armazenava água para o consumo por uma semana ou mais um pouco.
Minha mãe muito zelosa, muito caprichosa, tinha todo cuidado principalmente quanto a água de beber, sempre filtrada em filtro de barro, da conhecida marca São João.
Na cozinha, existiam os potes grandes de barro, que estocavam a água de beber. Eram sempre conservados com tampa para não entrar bichos.
Toda vez que buscava a água no rio, a primeira viagem enchiam-se os potes.
Desde de muito cedo na idade, já acompanhava os mais velhos, na buscada da água, para ir treinando na manobra, principalmente dentro do rio, para echer os vasilhames. Tínhamos o cuidado de trazer a água sempre bem límpida, esperávamos a correnteza carrear as sujeiras feitas pelo movimento do carro dentro dágua.
Na verdade, àquela fonte era um paraíso, servia toda a região. O rio com suas águas pardas, que descia lentamente pelo seu leito serpenteando às propriedades, levando sobre as mesmas, as folhas que caiam dos jatobás, pajeús, tapicurus e outros mais, sob a sinfonia dos joão-de-barros.
Para lavar os potes, usava-se como bucha, palha de milho seca, então quando ia encher os potes fazia esse procedimento.
Certa vez ao enfiar uma das mãos para levar um dos potes, senti tocar em algo esquisito – tirei minha mão rapidinho. Fiquei cismado com aquilo, sentindo ainda àquela sensação esquisitia nos meus dedos. Por falta de luz não tive com ver o fundo do pote, mas com ajuda de uma lanterna pude ver: era um sapo grande. Foi o maior susto.
Até hoje ainda se pergunta como àquele sapo entrou ali, se os postes ficavam sempre tampados.
Minha mãe disse: ta vendo como devemos ter sempre muito cuidado com os potes?? Nunca se sabe.