Paisagem Vermelha
Nas brasas das onze horas, impaciente e magra, a menina espera o almoço. Lá atrás, do último cômodo da casa, vem a cantiga de arrastado das panelas. Cheiro não dá para sentir: o longo corredor rouba a fumaça inteira e joga o cheiro pelos quartos de janelas cerradas.
A menina espera mas não quer. Comida não lhe interessa. A cabeça fervilha de vontades sob os cabelos de fogo, coisa rara naquele fim de mundo quente às onze horas do dia.
Ela pensa na praça, no banco debaixo da árvore onde as amigas brincam com a boneca nova, de cabelos vermelhos como os dela.
Não vai porque está brigada. Não vai porque a mãe não deixa. Não vai porque o sol está quente e a havaiana velha torou uma tira.
O menino passa na calçada, ventando na bicicleta. Da distância segura a chama de chata. Ri e dá língua. Pensa em correr mas lembra da havaiana.
Lá de dentro vem o grito :
- Maria Açucena! Entra menina, que o almoço tá na mesa!
Nas brasas das onze horas, impaciente e magra, a menina espera o almoço. Lá atrás, do último cômodo da casa, vem a cantiga de arrastado das panelas. Cheiro não dá para sentir: o longo corredor rouba a fumaça inteira e joga o cheiro pelos quartos de janelas cerradas.
A menina espera mas não quer. Comida não lhe interessa. A cabeça fervilha de vontades sob os cabelos de fogo, coisa rara naquele fim de mundo quente às onze horas do dia.
Ela pensa na praça, no banco debaixo da árvore onde as amigas brincam com a boneca nova, de cabelos vermelhos como os dela.
Não vai porque está brigada. Não vai porque a mãe não deixa. Não vai porque o sol está quente e a havaiana velha torou uma tira.
O menino passa na calçada, ventando na bicicleta. Da distância segura a chama de chata. Ri e dá língua. Pensa em correr mas lembra da havaiana.
Lá de dentro vem o grito :
- Maria Açucena! Entra menina, que o almoço tá na mesa!