Pâtisserie
Era a primeira de sete irmãos, e ainda que fosse bela e prendada, assistiu três dos mais jovens casarem antes de receber o primeiro beijo de namorado.
Não que isso, de fato, lhe incomodasse, seu único interesse na vida eram texturas e sabores, e o resultado desta paixão eram os doces sobrenaturais que fazia.
Muito mais que uma simples confeiteira, era uma alquimista. Da sua cozinha saíam sonhos estelares, constelações de quindins, brigadeiros crocantes e mil nuances entre a baunilha e o hortelã.
A ironia de sua solidão era receber tantas encomendas para casamentos, que recusava grande parte dos pedidos.
O porvir fez que, um dia, ao fazer compras de temperos na feira da praça, sua vida cruzasse com a de um estranho, o único que a viu como era, a mulher antes da artista. O único que enxergou seus grandes olhos castanhos, sua expressão séria e jovem, seus lábios pequenos de querubim.
O estranho descobriu tudo sobre a moça, foi a sua casa, fez a corte.
Ela recebia toda a atenção como um presente estranho, mas não desagradável.
Assistiu, sem protestar, os preparativos do seu próprio casamento. Provou vestido, confeccionou pessoalmente cada delicado docinho.
No dia da festa ninguém a encontrava. Procuraram até fora da cidade, imaginando uma fuga, ou um desfecho trágico.
Foram-na encontrar horas depois, colhendo mangas rosas de um galho baixo. Era para uma nova cobertura, coisa que ela andava aprimorando há dias.
Sorriu, quando lhe perguntaram o motivo do sumiço. Sorriu quando o rapaz apareceu no dia seguinte com um maço de flores ao pé de sua janela. Conversaram e ela aceitou namorar.
Namoram até hoje e os doces dela estão cada vez melhores.
Era a primeira de sete irmãos, e ainda que fosse bela e prendada, assistiu três dos mais jovens casarem antes de receber o primeiro beijo de namorado.
Não que isso, de fato, lhe incomodasse, seu único interesse na vida eram texturas e sabores, e o resultado desta paixão eram os doces sobrenaturais que fazia.
Muito mais que uma simples confeiteira, era uma alquimista. Da sua cozinha saíam sonhos estelares, constelações de quindins, brigadeiros crocantes e mil nuances entre a baunilha e o hortelã.
A ironia de sua solidão era receber tantas encomendas para casamentos, que recusava grande parte dos pedidos.
O porvir fez que, um dia, ao fazer compras de temperos na feira da praça, sua vida cruzasse com a de um estranho, o único que a viu como era, a mulher antes da artista. O único que enxergou seus grandes olhos castanhos, sua expressão séria e jovem, seus lábios pequenos de querubim.
O estranho descobriu tudo sobre a moça, foi a sua casa, fez a corte.
Ela recebia toda a atenção como um presente estranho, mas não desagradável.
Assistiu, sem protestar, os preparativos do seu próprio casamento. Provou vestido, confeccionou pessoalmente cada delicado docinho.
No dia da festa ninguém a encontrava. Procuraram até fora da cidade, imaginando uma fuga, ou um desfecho trágico.
Foram-na encontrar horas depois, colhendo mangas rosas de um galho baixo. Era para uma nova cobertura, coisa que ela andava aprimorando há dias.
Sorriu, quando lhe perguntaram o motivo do sumiço. Sorriu quando o rapaz apareceu no dia seguinte com um maço de flores ao pé de sua janela. Conversaram e ela aceitou namorar.
Namoram até hoje e os doces dela estão cada vez melhores.