VIOLETAS AZUIS

No beiral da janela, o vaso jazia como um adorno de loja de presentes. Era um vaso cor de pérola que, dentro de si, abrigava violetas azuis. Eu cuidava dele com todo zelo, tirando-lhe as folhas velhas que podiam extrair-lhe a força, regando-o com água morna por debaixo das folhas, que não podiam ser molhadas para não apodrecerem.

Essa violeta tinha uma história. Eu a havia recolhido dentre as plantas que estavam jogadas no chão de uma feira livre. A pobre planta estava meio murcha, não fora vendida e, para o comerciante, não tinha mais serventia. Passei por ela, olhei-a de relance e segui em frente. Mas senti como se a planta estivesse me pedindo para voltar e salvá-la. Olhei para trás e lá estava ela, imóvel, com as folhas viradas na minha direção. Num impulso, fui até lá e peguei-a com todo cuidado. Levei-a para casa como se carregasse no colo uma criancinha enferma.

Depois disso, eu acompanhava diariamente a sua recuperação. Ela ia ficando cada vez mais forte, com uma folhagem exuberante. Um belo dia, cheguei em casa e vi que uma esplendorosa violeta havia desabrochado. Parecia uma obra de arte.  Foi uma felicidade! 

Dia após dia, mais botões foram se abrindo. Em pouco tempo,  essas belas flores não só enfeitavam a minha janela, como também eram a mais viva prova do toque das mãos de Deus em todas as maravilhas do mundo. 

Hoje, há muitos vasos de violeta na minha janela e são a primeira coisa que observo ao acordar.  Respiro profundamente o ar da manhã e, agradecida,  saio para desfrutar as coisas simples da vida.