Corações despedrados (despedaçados?)

Olhei para o meu anel despedrado. Lembro bem do dia em que o adquiri. Bastou um olhar furtivo para eu saber que ele, com certeza, sairia daquela loja em meu dedo. Ao experimentá-lo, me dei conta de que faltava a metade de uma pedrinha preta que compunha o desenho de um coração. Perguntei à vendedora se tinha outro do mesmo modelo. A resposta foi rápida e ríspida, um impaciente não. Mesmo assim, eu o levei comigo. Quando uso esse anel, tenho duas possibilidades: ou coloco o coração virado para mim ou o coloco virado para terceiros que podem vê-lo em minha mão. Ultimamente, devido aos últimos acontecimentos, me preocupo em deixa-lo sempre virado para mim. Como se assim ele estivesse mais seguro, menos sujeito a perder mais uma pedrinha preta. Como se assim eu fosse a maior responsável pelo seu bem estar, pelo meu próprio bem estar. Afinal, quantos corações perdem suas pedrinhas todos os dias, não é?