O Vendedor de Amendoim
Quando estava na faculdade, me lembro de chegar todo começo de noite nos portões e ficar observando a chegada de um vendedor de amendoim. Ele descia a rua segurando aquele pequeno e aparentemente pesado carrinho de mão, cheio de pequenos pacotes de amendoim torrado, salgado e doce.
O vendedor sempre ocupava o mesmo espaço, parecia ter uma higiene duvidosa (mas era limpo), ele estacionava aquele carrinho de mão na calçada, sacava um banquinho, sentava-se e apenas esperava. Logo, a galera da faculdade ia chegando e comprando amendoim e o carrinho, antes completamente cheio, começava a esvaziar. O sinal do colégio soava e a molecada descia as escadas fazendo algazarra, um colégio enorme que fica em frente as instalações da faculdade. Assim que os adolescentes o avistavam, se tivessem alguns trocados, rodeavam o carrinho e de repente dezenas deles pareciam estar com pacotes de amendoim doce ou salgado nas mãos.
Logo, após pouco mais que duas horas, ele já estava recolhendo seu banquinho e guardando em algum compartimento do carrinho de mão, agora, completamente livre de pacotinhos. Todos os dias aquele vendedor de amendoim descia a rua e a cena se repetia magicamente, ele chegava, vendia seu amendoim e voltava para casa, seja ela onde for.
Ele parecia ser o homem mais feliz do mundo. Parecia mais feliz que todos nós.