Poderia ser apenas uma casinha delicada do século XVIII, de uma bucólica freguesia no interior da Ilha de Santa Catarina, enfeitando a paisagem. Mas não. Esta é especial. Além de abrigar a história, guarda muitas estórias. 
       Nesta casinha mora uma senhorinha de olhos pequeninos, cabelos da cor das nuvens, com lenço branco na cabeça e de beiços murchados pelo tempo implacável. Invariavelmente após o romper da manhã e o Sol clareado a rua, se acomoda no beiral da janela, como numa pintura em pastel. 
       Permanece, praticamente, todo o dia decorando a fachada da casinha caiada em branco, de portas e janelas de azul intenso. Esta casinha esta agrupada a outras, alternando ora uma com amarelo, marrom ou preto contornando suas aberturas. Fileiras interrompidas por estreitas servidões, formando um casario digno de aquarela. 
       Seu olhar só parece perdido naquela rua ainda nua de qualquer calçamento.  A sua direita, vê a rua se perder no topo do morro a se confundir com os galhos verdes de jabuticabeiras, araçás, bambuzal, bananeiras que roçavam o céu. A esquerda, olha a rua que se estreita e ao final se perde numa curva. A sua frente, aprecia do outro lado da rua, a vegetação rasteira, arbustivas e gramíneas que seguem até perto do mar. 
       De vez por outra, olha para o céu, a movimentação das nuvens, a corrente de vento, segredos que conhece lendo os sinais da mudança do tempo. 
       Engana-se quem pensa que a Senhorinha na janela vive em silêncio perpétuo. Lá para trás e para frente vão surgir muitas estórias...



(*) Imagem Google de www.erepublik.com
Mané das Letras
Enviado por Mané das Letras em 21/05/2015
Reeditado em 27/05/2015
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