O buraco espacial e os Pigmeus destemidos

Depois de seis meses Mariana decidiu trocar de bar. A dívida de cento e cinquenta pilas no bar Bante já era impagável para ela. O acordo proposto pelo dono foi bom. Esquecia os dividendos desde que ela nunca mais pisasse lá. “Não gosto de você aqui. Meu bar não é puteiro”, disse o velho barbudo. “Por isso você não fica com nada do que ganho”, lembrou ela. “Tenho quatro tetas e não preciso aturar isso.”

O bar do Jaime era como qualquer outro. Tinha um balcão, banquinhos, mesas e cadeiras. Tudo de madeira pesada de origem questionável. Tinha ele, a garçonete (que era filha dele) e um bando de bêbedos inúteis. Serviam bebida barata, água da torneira e o banheiro era tão nojento quanto a cozinha. Por tudo isso ela já se sentiu em casa logo na primeira visita.

A segunda-feira era um dia com pouco movimento, e Mariana não estava esperando por trabalho. Bebia por puro esporte. Era só mais uma noite que tinha que passar rápido. Quando ele entrou o Jaime deu um passo para o lado e passou a mão no pau de amansar tarado. Mariana percebeu o movimento e se interessou pelo maltrapilho. Ele percebeu o interesse dela e sentou do seu lado. “Duas doses de Vermont e uma cerveja para nós cinco.” O Jaime serviu as bebidas e não perdeu a chance de se livrar do problema. “Vou fechar em dez minutos.” O trolha se virou para Mariana e vidrado nas quatro tetas perguntou: “Vocês querem se divertir?” “Tudo tem um preço”, respondeu ela balançando os brinquedos. “O que tenho para você é impagável.” Ele abriu a carteira, tirou um comprimido verde e colocou na língua dela. Ela sorriu e engoliu.

Antes mesmo de terminar a primeira garrafa Mariana já estava rindo histericamente sem nem saber do que. O hippie sujo contava histórias sobre suas viagens e experiências xamânicas no deserto na década de 80. “Os Manitos são um exército de Pigmeus que viviam no centro da Terra, mas por causa do aquecimento global tiveram que vir para a superfície fugindo do calor. Vieram até mim em um calvário que passei atrás de raízes no Peru.” “E agora você tem que cuidar deles?” Mariana falava e ria por compulsão. “É como uma maldição. Eles acham que as mulheres carregam no meio das pernas o portal para o paraíso. Dizem que tem que procurar em todas. Se levar uma mulher por dia eles me deixam em paz.”

Carregada pelo elo perdido os dois saíram de lá. Quanto mais andavam mais as ruas ficavam escuras. Mariana não conseguia mais formular frases com algum sentido, o purcuntroço também não parecia mais interessado. No fundo de um terreno baldio tinha uma pequena construção esquecida entre o mato alto. Os dois conseguiram chegar até a porta e o infeliz tirou uma chave que estava escondida em seu saco. “Você tem que entrar sozinha.” Ele empurrou Mariana, que foi no embalo.

Quando a porta se fechou uma luz acendeu. Os pequenos homenzinhos começaram a sair de todos os buracos possíveis como formigas correndo até o pote de mel. Pareciam milhares. Eram organizados e tinham um plano de ação. Alguns deles começaram a laçar Mariana com cordas. Outros começaram a subir pelas suas pernas e se amontoar na entrada do túnel do amor. Ela se jogou no chão gemendo e amaçando os Pigmeus por entre suas virilhas. Eles amarraram seus braços e suas pernas abertas. Em bandos eles entravam secos e saiam molhados lá de dentro. Outros subiram nos seus peitos e corriam por entre as quatro tetas como crianças se divertindo nos corredores do restaurante. Uns vinhas escorregando pela pista de sua barriga até acertar os outros pequeninos que esperavam pela ducha de amor. Mariana não conseguia se controlar mais. Gozou duas vezes em dez minutos e apagou.