Ana

Ana não se perdeu, foi engolida pelo silêncio e pela distância entre os extremos do mundo, ainda mesmo quando não passava de uma inadequação gigante.

Morreu mil vezes em si mesma e mil vezes foi lançada à vida.

Nasceu acidentada, um tropeço existencial que selou destinos e encarcerou expectativas.

Isso é tudo o que sabia mas não deveria saber.

E mesmo assim se perguntava: O que faço aqui? Qual o sentido disso tudo?

Cansava-se e se refazia todo dia. Dura como pedra. Frágil como papel.

Sentia-se uma questão incômoda eternamente espantada do ombro do mundo.

As memórias eram correntes que arrastava enquanto tentava se equilibrar pelo caminho.

A verdade costumava entrar pelos seus olhos antes que pudesse fechá-los.

Uma sentença para todas as suas mudanças.