MUDANÇA: DA ROÇA PARA A CIDADE GRANDE
10 de outubro de 1954. Chega a Belo Horizonte, proveniente de Rio Espera - MG, “com a cara e a coragem”, a família deste modesto autor. Eu, com 5 anos de idade, ainda me lembro de alguns episódios. O caminhão encostado em uma falsa rua, diante da casa que meu pai mandara construir pelo Joaquim Chioti, já falecido, com o dinheiro arrecadado através da venda da casa da Piteira, de seu cavalinho, da vaca e de alguns pertences. O nosso barracãozinho, prefiro dizer assim, pois tinha apenas três cômodos, fora construído, na rua Almenara, l5, bairro Dom Bosco. É melhor dizer a verdade. O bairro para onde estávamos mudando, naquela época, era outra roça, longe do centro da cidade, sem infraestrutura, mas, para começar, estava bom. Fomos recebidos por um par de conterrâneos, que morava na mesma rua, duas casas depois da nossa: o Chichico, primo de papai, e a Glorinha, sua esposa. Serviram-nos, num pequeno bule e, numa bandeja com pequenas xícaras, um cafezinho gostoso, demonstrando que estavam felizes com a nossa chegada.
Com 5 anos de idade, observava tudo, e tudo que acontecia significava um período de descobertas. O despejar das coisas do caminhão, a organização dos pertences na casinha simples, a conversa de papai e mamãe. Na verdade eu estava muito alegre, embora não tivesse maturidade para compreender bem tudo o que se passava.