Teleiro Mansur
Dando muros em ponta de faca, Mansur ia construindo sua vidinha em torno daquela maquineta, instalada na sala de sua casinha, para o fabrico de telas. Fazia-as só das grossas, que tinham uma malhas mais simples, entrelaçadas em x.
E se comprazia em exibir a geringonça para os passantes e eventuais futuros fregueses. Os anos eram os do fim da década de 50, ou iniciozim dos sessenta. Tempo em que tela bastava para resguardar a propriedade.
Cerca neste mundo, sempre se pulou mas o fornicar, depois de tanto tempo durar, ao assaltar deu lugar. Pra ficar.
Mansur, com aqueles olhos esverdeados, bigodes bem aparados e pêlos por igual anelados, fazia boa figura e por ele muita moça casadoira poderia perder a compostura. Mas agora estava ali, com papai diante de si, já entrando na fase da negociação de preço e prazo de entrega.
Com metade turca de ascendência, do lado maternal, o paternal se escamoteava, nenhuma certeza apresentava. Mas aquele porte perfeito era dalgum prefeito. E o papo tava desfeito.
Nossa demanda era pequena e sua combinação foi serena. Na parte mais amena, Mansur apresentou sua noiva. Que era de fora, um tanto alemoada, de conversa escasseada.
A fabriqueta não expandiu nos anos que vieram. Tampouco a pregenitura ao casal sorriu. Hoje tá reformada, bem murada a casinha que lhes serviu.