São  quatro horas da manhã.O despertador toca bravamente,leva um tapa,cai no chão e se cala. Bocejando muito e com ar de preguiça e um pouco de mau-humor Maria se obriga a levantar para mais um dia de trabalho na casa de Dona Mariuze,que fica "apenas " a duas horas de sua casa.
   Todo dia é a mesma coisa.Maria levanta cedo,banha-se,toma um café ralo( tomará um café melhor na casa da patroa), veste jeans apertadinho(ganhou algum peso de tanto comer bolinhos na Central), pega a bolsa semi-nova que ganhou de Dona Mariuze,o dinheiro da passagem e ruma para o ponto de ônibus que a levará até a estação de trem onde lerá as notícias do dia através de uma "carona ocular"do passageiro que teve o privilégio de achar um assento.
   Geralmente está tão bêbada de sono,que às vezes sai sem beijar os filhos batendo a porta atrás de si.
   O trabalho é rotineiro e monótono. As tarefas são divididas pelos dias da semana e tem todo o material que precisa a sua disposição. D.Mariuze é viúva,sem filhos e mora só. Nunca gostou das tarefas domésticas sempre contando com Maria com quem convive há 24 anos,desde que se casou com Seu Edmundo.
   Mas não se sabe o porque,hoje seria um dia diferente.Sim,muito incomum para duas pessoas que se conhecem há tanto tempo.
   Maria chegou no horário de costume,tomou seu café e aí...foi até o armário da patroa e,escolhendo um traje e pegando a maleta de maquiagem de D. Mariuze,fez um "upgrade"no visual,se sentiu "demais",dançou rock , e,rindo histericamente,deu o seu "bom dia" a patroa que nada entendia.Maria parecia divertir-se com a sua loucura e com o estado estufefato da pobre senhora,que boquiaberta tinha a respiração entrecortada e mostrava-se literalmente apavorada!Após sei lá quanto tempo,ouvia-se o rock pesado,as gargalhadas estrondosas,o barulho dos saltos arranhando o chão numa dança muito louca.
   E para surpresa geral lá estavam Maria e D. Mariuze numa festa sem igual!