A viagem
O passeio terminou(?), era hora de voltar para casa.
O ônibus chegou na rodoviária com quinze minutos de atraso, o condutor de sorriso bonito fazia anotações em um papel e não nos recebeu na porta. E ainda brincava um pouco com seu colega do lado de fora.
Que motorista folgado!
Éramos poucos passageiros. Coloquei a bolsa no lugar vazio ao lado, estendi a poltrona ao máximo pois atrás, também, não havia ninguém. Estiquei as pernas e, folgadamente, pude apreciar as belas paisagens de pedras e morros.
Numa rápida parada o trocador comprou queijos e mais adiante, criou outra parada para entregá-los à sua tia.
Que trocador folgado!
Comecei a criar, mentalmente, um texto de denúncia daqueles abusos.
Uma passageira levantou-se um pouquinho e disse que queria parar na entradinha debaixo do pé de manga.
(Que passageira folgada!)
Aí, então, sua sacola caiu e deixou rolar mamadeira, rolinhos de fraldas e outros objetos... O trocador paciente colheu aquelas coisas, colocou lá dentro de novo, segurou firmemente avisando que levaria para ela até seu ponto de descer. Ao aproximar do local o motorista gentil aumentou um tantinho de nada o acostamento e parou exatamente no lugar solicitado.
E ela desceu. Suas pernas gorduchas moviam com dificuldade por causa de uma calça nova, em uma mão levava a tal sacola que abriu, no ombro uma bolsa e no braço um bebezinho lindo quer sorria para nós.
"Aí eu pensei: tá ruim mas tá bom" Vou denunciar nada não.