Locutor de rádio
Ele realmente conseguia fazer o seu programa ter uma certa audiência, não uma grande audiência, mas levando em conta a cidade, pode-se considerar uma audiência respeitável, apesar de Júlio César se achar comparável ao personagem e general romano. Dentro da cabine ele se soltava e mostrava atitudes ditatoriais dignas do seu nome, fazia comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, claro, levando-se em conta que era dono da rádio.
O programa consistia apenas em flash back das músicas que fizeram sucesso nos anos 60, 70 e 80, claro, músicas internacionais, românticas e jovem guarda, Roberto em especial, internacionais de Lionel Richie, Dire Straits e por aí vai. É interessante a sua seleção musical, bastante animadora e muito divertida, as músicas são as mesmas em todos os programas. Pra não ser injusto, acho que às vezes tocam algumas diferentes, mas geralmente são as mesmas. JC, como ele se denomina, acho compreensível seu repertório, afinal o mesmo se encontra talvez próximo dos 70, é um momento nostálgico dos seus tempos de tremendão. Particularmente acho adorável o repertório, apesar de ser repetitivo. Dono é dono e eu respeito autoridade, principalmente o dono. Na verdade as músicas são para seu deleite pessoal, o público é um detalhe, longe de mim criticar o repertório, que por sinal me agrada, só é repetitivo. Quando determinada música inicia e, claro, você se deleita em recordar momentos agradáveis e chega a fechar os olhos por lembrar momentos bons ou tristes de sua vida, quando você começa a interagir mentalmente com a melodia, como uma bomba JC começa a cantar junto como o cantor atrapalhando o momento agradável do ouvinte. Ele na cabine se solta cantando e se mexendo todo, soltando gritinhos e trejeitos das noites passadas nas discotecas, o ouvinte só ouve metade da música, o resto é com JC. Entrevista? É horrível, o coitado do entrevistado é constantemente interrompido alguns e até tentaram com muito sacrifício expor o assunto abordado, mas JC não dá moleza. Falamos com ele e tentamos colocar o assunto, explicando com muito tato para que ele se contivesse, tivesse mais controle e deixasse as músicas iniciarem e terminarem e que nas entrevistas ele deixasse o entrevistado falar. Ele concordou, passou um bom tempo os ouvintes gostaram, os convidados adoraram as entrevistas, tudo ia bem até que JC foi convidado a falar das músicas de discoteca dos anos 60, 70 e 80 na TV. Ele ia muito bem, respondia, ouvia a música em silêncio e depois comentava. Notamos que ele fazia um esforço enorme para se controlar, só quem o conhecia bem sentia que seu corpo tremia com cada música tocada, até o momento que tocou “I WILL SURVIVE”. Lá se foi o controle emocional de JC, em plena TV, ao vivo, ele dançava, mexia os quadris de maneira louca, braços para cima, revirando os olhos em êxtase na pontinha dos pés e ia de um lado a outro do palco, gemendo e soltando gritinhos. Foi um sucesso!!!