04 - AURORA II

São Paulo, SP

Pouco tempo depois de ter chegado em meu apartamento, peguei o telefone e liguei para Aurora. Sua voz rouca entregava que ela tinha acabado de acordar, após uma breve conversa combinamos de sair naquela mesma noite.

Era aproximadamente oito da noite quando desci para pegar um taxi. A noite era agradável, uma temperatura amena e um céu um pouco nublado, andei dois quarteirões pela rua até chegar ao ponto de taxi, entrei no carro de um senhor que parecia beirar os sessenta anos, ele me levou até a casa de Aurora, ela entrou no carro e partimos rumo ao restaurante, que ela havia escolhido.

Chegamos ao restaurante, era uma casa antiga com uma rústica decoração e iluminação fraca, provavelmente com o propósito de criar um clima mais aconchegante. Sentamo-nos em uma mesa no canto e, antes mesmo de decidir o que jantaríamos, pedimos uma garrafa de vinho e após um pouco de conversa ela me perguntou.

– Mas, se você tinha uma vida confortável nos Estados Unidos, porque voltar ao lugar onde você começou há tantos anos atrás?

– É o desafio da mudança combinado com meus objetivos. Eu havia chegado a um ponto na minha carreira que dificilmente conseguiria subir mais, aqui eu tenho a oportunidade de colocar uma empresa, que esta enfrentando alguns problemas, de volta nas cabeças e alçar meu nome no mesmo patamar. Por exemplo, qual o seu maior sonho? – Perguntei.

– É fazer uma grande viagem pela Europa com uma pessoa especial ao meu lado, conhecendo toda a parte histórica, as cidades, os castelos, as vilas, as igrejas. – Ela respondeu com um brilho no olhar.

– E se eu te dissesse que vindo jantar comigo hoje, você ficaria mais próxima da realização do seu sonho, você não ficaria um pouco mais empolgada em me ver?

Ela corou levemente com minha pergunta, deu um sorriso e concordou. Eu continuei.

– Esse é meu sentimento, eu vi essa oportunidade como a ponte que eu preciso atravessar pra alcançar meus sonhos e objetivos.

Continuamos nosso jantar, dividimos uma sobremesa, e pude perceber que a medida que o tempo passava ela ia ficando mais a vontade ao meu lado, e a noite ia fluindo melhor, a conversa que começou um pouco formal foi substituída por um papo bem descontraído.

No final da noite dividimos um taxi para ir embora, nesse trajeto ela me informou que ficaria dez dias fora trabalhando. Chegando a casa dela, desci do taxi pra acompanhá-la até seu portão, ela agradeceu pela noite e antes que pudesse terminar a frase, eu a surpreendi com um beijo, que foi instantaneamente retribuído, seu lábio era macio e seu rosto um pouco frio, conseqüência da queda de temperatura proveniente da fria noite.

Despedimos-nos, ela entrou no prédio e eu no taxi pra retornar ao meu flat. Minha primeira noite em São Paulo foi melhor do que eu poderia imaginar, e o maior desafio de minha carreira me aguardava no inicio da semana.

Dom Ricceli
Enviado por Dom Ricceli em 26/03/2015
Reeditado em 10/08/2015
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