02 - AURORA
Aeroporto JFK, Nova York
Meu caminho de volta para São Paulo contava com uma escala de três horas em Nova York. Tudo havia acontecido muito rápido nas últimas semanas e aqui estava eu, em uma sala de espera relativamente cheia, com uma predominação de brasileiros voltando de férias com suas famílias, esperando o anúncio do embarque.
Após quinze minutos de atraso, finalmente chamaram o número do meu voo, o que fez com que se formasse uma fila gigantesca de passageiros ansiosos para entrar na aeronave. Isso é algo que eu nunca entendi, se todos os lugares são reservados e o avião não vai partir até todos embarcarem, porque as pessoas tinham essa urgência de entrar o quanto antes?
Quando a maioria das pessoas já havia entrado, peguei minha maleta e fui em direção ao embarque, conferiram meus documentos e bilhete e pude embarcar tranquilamente. Conforme havia solicitado no check-in, meu assento era na primeira fileira, o que me dava um pouco mais de espaço.Ao meu lado estava um casal de americanos, um senhor bem elegante e sua esposa igualmente requintada, ambos extremamente simpáticos.
Aproximadamente uma hora após a decolagem, eu estava lendo um livro, quando começaram o serviço de bordo, e foi a primeira vez que a vi. Ela desfilava nos corredores emanando um brilho raro, uma pele branca, cabelos negros e olhos verdes que mais pareciam esmeraldas, tudo isso combinado com um rosto angelical. Ela parou ao lado do meu assento e perguntou o que eu gostaria.
– Um vinho tinto e seu nome, por favor. – Respondi.
Ela sorriu e, enquanto me servia o vinho, disse que se chamava Aurora. Logo continuou a servir os outros passageiros e, embora estivesse demasiadamente encantado, voltei a me concentrar em meu livro.
Estávamos na metade do trajeto, com as luzes da cabine apagadas. Levantei-me para ir ao banheiro com a esperança de encontrar Aurora no caminho. Cheguei ao fundo da aeronave e ela estava sozinha, preparando o café para quando os passageiros acordassem. Ela notou minha presença e abriu um largo sorriso.
– Não consegue dormir? – Perguntou ela.
– Não consigo pegar no sono em avião e vim te fazer companhia. Sou Dom, por sinal. – Respondi.
– Está indo ou voltando para São Paulo?
– Acho que um pouco dos dois. Onde você mora?
– Sou de São Paulo mesmo.
Enquanto isso, as luzes da cabine se acenderam– sinal de que Aurora teria que voltar ao trabalho.
– Aurora, para que eu não te atrapalhe mais, gostaria de jantar comigo amanhã?
– Gostaria sim. Ligue pra mim amanhã. – ela respondeu, pegando um guardanapo do bolso e anotando seu número.
Voltei ao meu assento e segui o resto do trajeto até descermos em São Paulo. Saí do aeroporto rumo ao meu flat com o número de Aurora no bolso e um sorriso no rosto para no dia seguinte a ver novamente.