A NOITE CAI E CHOVE LÁ FORA
A NOITE CAI E CHOVE LÁ FORA
As nuvens desde à tardinha escureceram e passaram de brancas cor algodão e linho para cinza escuro, mostrando que muita água poderia cair. Quando os nimbos se formam, o astro-rei procura respeitá-los, visto que esse tipo de nuvem vem carregada de esperanças para o povo nordestino, que anseia por água que cai do céu.
A textura seca das matas, e da vegetação de um modo geral, transforma-se em verde viçoso, mostrando a todos que será um ano de esplendor e muito gostoso. Pernas para que te quero? Mãos a obra é hora de plantar para depois cultivar. Como é linda a alegria de nossos irmãos sertanejos, quando a água bendita cai do céu e encharca o solo seco do seu torrão natal.
Tudo se torna brilhante, delirante, as águas encherão os açudes, a vegetação e o pasto estarão à disposição do gado, e dos demais animais. Haverá leite em profusão, queijo de coalho, milho verde, feijão e o prato da festa será um (baião de dois) bem cearense que aprendemos a gostar desde a primeira vez que saboreamos. Todas as aves se reúnem e juntas formam uma aquarela musical fantástica.
São graúnas, galos de campina, sabiás, anuns, assum preto, periquitos, jandaias, dando boas vindas ao inverno abençoado e adorado por todos os sertanejos. Louvores ao Padre Cícero, o santo nordestino que o vaticano se esqueceu de canonizar. Deixa para lá, pois a fé do nordestino é tão forte no padre que caravanas e mais caravanas formam uma multidão de fiéis para agradecer o çiço do Juazeiro do Norte.
Diz o cantador em tom de poesia que nas veredas da vida seu destino foi traçado, percorreu relvas verdes e caminhos alagados. Ouviu sublimes melodias numa psicosfera monumental, dos pássaros anunciando algo novo, uma energia colossal entre flores e espinhos traçou seu rumo sem desatino, lembrou-se dos tempos memoráveis de menino.
Uma angústia meio melancólica deixou-o extasiado, vista turva transformou sua vida, pois aquele inverno dizimou o inferno, como afirmava o cantor que sempre queimou o meu Ceará. Continuou: “Revivi dias fascinantes de uma infância deslumbrante, ao longo uma sinfonia torrente de águas brilhantes faziam a beleza da ostentação beligerante e portentosa. Insuflava o forasteiro em caminhada generosa”.
Não era poesia e sim prosa e todo ano a alegria se renova quando as águas benditas banham o nosso solo esquecido das autoridades constituídas que só querem lucrar com a indústria da seca. Esses que pensam assim são políticos pernetas, pois o solo nordestino é rico e em se plantando tudo dá.
Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que a tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta em clarão que seduz! Nome que brilha - esplêndido luzeiro nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada ao vê-las, Ressoe a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos rubros o sangue ardente dos escravos. Seja o teu verbo a voz do coração, verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
Ruja teu peito em luta contra a morte, acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria e foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada, que importa que teu barco seja um nada, na vastidão do oceano se à proa vão heróis e marinheiros e vão no peito corações guerreiros? Sim, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios há de florar em messes, nos estios e bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas brotem do solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares a vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas e foi na paz, da cor das hóstias brancas!
O cearense sabe de có o seu hino querido e de peito desabrido canta-o chegando a chorar. Música de Alberto Nepomuceno e Letra de Thomaz Lopes retratam com toda alegria o coração e abnegação do povo cearense, que não perde as esperanças que um dia as bonanças vão chegar.
A mente a imagem do lindo inverno europeu, desaparecendo o fulgor do deserto africano, o mar azul do Nordeste floresce e renasce. O verde das matas transforma o insano no cotidiano. A orquestra das aves em áureas revoadas, a gratidão brilha eterna cheia de esplendor nas horas sem consolo, alçadas e reclamadas são eternos prantos esquecidos sem destemor.
O inverno traz alegria e fenece a dor a luz dá vida, onde o bem vencerá, haverá momentos de alegrias, silencio e preces altaneiras e renovadoras de ingredientes de paz, de dulcificação de mãos misericordiosas nos caminhos da libertação das masmorras. Tomara que chova todos os anos no meu Ceará, pois os olhos brilhantes e o coração ofegante continuará a sina bendita de trabalhar e produzir riqueza e exportá-la por esse Brasil de Deus dará. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AOUVIRCE E DA ALOMERCE