O Luís do Saco
Antes de falarmos na personagem da historieta, vamos ao Saco que não é coisa do capeta. Au contraire. O Saco é a forma abreviada, afetuosa, e um tanto preguiçosa, que a gente da Velha Serrana achou para referir-se ao povoado vizinho e amigo de Sacramento. Convenhamos, é difícil declinar esse topônimo na sua inteireza e beleza. E aí ficou essa feiúra,
essa marmota que contudo, não sai da boca e do coração do povo.
E o Luís vinha de lá, meio rural, para ganhar a vida na cidade, como muitos de seus conterrâneos. E a atividade em que se destacou, de longe, foi o esporte, onde na época que o conheci, defendia as cores do CAP, o Clube Atlético Pitanguiense. Atacante, por instinto e ação, o Luís, que no final dos anos cinquenta compunha uma memorável equipe, era, entre os pares, bares e outros lugares, a figura mais festejada.
Um tanto pelo futebol estiloso e raçudo que jogava, mas mais pela figura que corporificava: era um Heleno, mais pra louro, que pra moreno. A sua presença em campo era a certeza duma vibrante torcida, e do desatino do público feminino.
As luisetes, que pouco se importavam com o andar da pelota, eram Luís, em vitória, empate ou derrota. Formavam coro, integravam embaixadas, sentiam-se soltas, revoltas, apaixonadas. Recau-chutadas.
E o Luís continuou a brilhar nos campos, que eram ainda des-gramados, em meio à poeira ou ao barro mas ao que consta, deixou de luzir quando por uma fã, naquele afã, se deixou seduzir. E o CAP se capitulou quando o título maior, de campeão da cidade, o PEC levou.