NO CAMINHAR

Triste, decepcionado, traído, enfermo... Seguia andando apressadamente a caminho do fim.

Chega, a vida não tinha mais motivo;

Viver era o castigo...

Quem sabe o mistério fosse melhor?

Quem sabe?

Mas, eis que num determinado momento, alguém acena...

O que será?

Uma senhora numa cadeira de rodas pede ajuda para subir à calçada.

Logo agora?

Resistiu, mas foi até ela. Ajudou-a.

Virou-se para continuar, quando uma voz fraca chamou.

Foi quando notou, o sorriso nas marcas do tempo que marcava o rosto.

Cabeça careca da doença...

Corpo amortecido, vencido, mas o sorriso e uma voz fraca com muito esforço que disse: "Muito Obrigado meu filho. Deus te abençoe".

A frase impactou seu coração...

Acompanhou o distanciar da cadeira de rodas, agora sem as certezas de antes.

Foi quando reparou no canto do pássaro e na flor de um jardim...

Quem sabe ainda não é o fim?