SENTIDOS CONFLITANTES

Vânia chamou: “O próximo!”. Entrou no privê um jovem. Quase garoto. Cabeça baixa, ele permaneceu de pé junto a porta. “Vem” chamou a profissional deitando seu corpo na pequena cama. “Espere um pouco”, respondeu o rapaz. Vânia olhou surpresa com a falta de pressa e reparou que lágrimas molhavam o rosto do cliente. “O que foi?” perguntou; “Nada” ouviu. “Você está chorando?” insistiu; “Não” mentiu o homem tentando secar a face. Vânia levantou foi até o cliente e convidou: “Vem, vou te fazer feliz”. O homem olhou para a morena e subitamente disse: “Minha esposa me traiu. Descobri hoje. Estou aqui para traí-la, mas não consigo”. Desabafou o homem antes de “desabar” num choro. Sem saber o que fazer, ela pegou alguns lenços e ofereceu. O homem secou as lágrimas e disse: “Desculpe-me”; “Nada”; “O que faço da minha vida?” perguntou o homem... Houve um silencio até que Vânia falou meio que sem pensar: “Bem, então vá pra casa ofereça perdão e recomece”. A frase provocou um estranho silencio. “É o que vou fazer” foi a resposta do homem, que ao chegar a porta voltou-se disse: “Obrigado” e saiu. Vânia deitou-se na cama. Sentia-se estranhamente bem. “Menos um lar desfeito” pensou antes de gritar: “O próximo!”.