IMBECILIDADES
Enquanto esperava o processamento de um trabalho submetido ao computador, eu conversava generalidades com um colega de trabalho. A certa altura do diálogo ele se lembrou de um fato ocorrido na ocasião em que ele estagiava em uma grande empresa do ramo de siderurgia.
Relatou-me que quando do ingresso dele e de mais um colega em na referida empresa, a primeira preocupação do supervisor técnico deles foi lhes mostrar os pormenores e as características das áreas físicas onde atuariam, com vistas ao cumprimento das normas de segurança pessoal e patrimonial.
Foram instruídos, dentre outras coisas, a de sempre utilizarem os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e a de jamais pisar ou tocar em determinadas áreas, as quais se encontravam devidamente sinalizadas e caracterizadas por um “X” em cores vivas, pois a temperatura naqueles locais era absurdamente alta.
Devidamente instruídos os estagiários assumiram suas funções cotidianas, desempenhando-as com relativa desenvoltura. Porém, como é próprio de algumas pessoas, a curiosidade e desafio ao sistema, certo dia o seu colega resolveu pisar com um dos pés em uma das áreas demarcadas como proibidas.
Bastou um simples tocar no piso e o solado da bota dele derreteu por completo e ele, assustado, saltou do patamar de onde estava, a 6 metros de altura, vindo a fraturar uma das pernas.
Tal fato causou grande reboliço junto aos responsáveis pela segurança do trabalho, resultando na despedida imediata dos dois estagiários.
Relatado esse episódio, meu colega indagou: “O que será que leva um animal como esse cara a fazer uma coisa dessas?”.
Respondi a ele que por mais incrível que nos possa parecer, mesmo sabendo que as consequências serão drásticas, muitas vezes a nossa irreverência e estupidez são mais fortes que a razão e damos espaço para o infortúnio.
Exemplificando a minha afirmação citei o exemplo recente de um rapper norte-americano, o George Watsky que em um show no dia 15/11/2013, em Londres resolveu subir em uma torre a 12 (doze) metros de altura e de lá se jogou sobre o seu próprio público.
Esse ato descomedido lhe custou a perda imediata da consciência, algumas lesões nele próprio e em alguns de seus fãs e poderia ser ainda pior.
George Watsky pediu desculpas públicas pelo Facebook por aquilo que ele mesmo classificou como “ato estúpido e irresponsável”.
Eu mesmo me recordo de ter sido protagonista de diversos episódios de total inconsequência e irresponsabilidade.
Para citar apenas uma exemplar circunstância, reporto-me à época em que eu trabalhava como menor aprendiz na chamada Guarda Mirim, instituição subordinada à Polícia Civil do Estado de Minas Gerais: eu prestava serviços a uma empresa denominada Macife, situada na Avenida dos Andradas, 881, bem em frente ao Parque Municipal de Belo Horizonte – MG, quando, em companhia de um empregado daquela empresa, ele já maior de idade, subi na plataforma de operação de uma ponte rolante destinada à movimentação de peças metálicas e feixes de vergalhões destinados a grandes obras. Quando dentro da “gaiola de operação” acionei uma alavanca e a “gaiola” entrou em movimento. Apavorado não sabia o que fazer, então ela bateu violentamente contra a estrutura do prédio. Todos os operários ficaram alarmados e por sorte, como não deu tempo de tentarmos sair, nenhum de nós se feriu. Restou-nos torcer para que o fato não chegasse ao conhecimento dos diretores, o que, para nossa sorte, aconteceu.