Enquanto isto no coletivo...

Enquanto isto no coletivo...

Por um momento achei que só eu era triste, pensou Carol.

Estava sentada no banco do coletivo, ao lado de uma moça que chorava.

Porém os olhos da moça, que mais tarde soube chamar-se Alana, eram gotas cristalinas de sal.

Afinal, lágrimas são salgadas.

Seus olhos cor de mel em contraste com o preto do rímel

ficaram lindos!

Trazia no nariz um daqueles piercings engraçados. Mesmo assim era linda.

Irradiava a beleza dos seus mais ou menos dezenove anos.

Mas era uma tristeza só.

Eu estava sentada ao seu lado, enquanto o coletivo trafegava pelas ruas da cidade, E não estava a fim de vê-la chorar a viagem inteira. Passei meus dedos pelos olhos da moça e disse.

___Não chore! Você é linda demais para ficar chorando!

Veja, eu na tua idade chorei muito por amor, e na semana seguinte

já estava outro amando.

Ela sorriu. Um sorriso triste. Respondeu.

___Ainda bem que não tenho namorado.

Suas mãos corriam por entre as teclas do seu celular numa rapidez incrível. Falava com alguém, de certo desabafando.

Nossa! Pensou Carol. Se este choro não é por amor é pelo que então?

Contou a ela sua história, aquela triste de ontem. Achou que ela iria rir da desgraça alheia. Mas nada! Continuava com aquela tristeza que cortava a alma.Estava determinada, não deixaria Alana chorar!

Contou a ela parte da sua vida, seus amores as coisas que sempre achou engraçada achou que a faria rir. Sentiu-se uma idiota, ao invés de Alana sorrir o restante do povo sentado próximo a elas é que deram boas risadas. Gargalhadas gostosas após um dia cansativo de trabalho.

Rostos felizes dentro daquele coletivo lotado. O rosto de Alana antes molhado pelas lágrimas secaram. Mas nem um sorriso. Tudo que disse foi:

___Esta vida é engraçada. Engraçada e triste.

E Carol respondeu:

Um dia consegui fazer quem estava ao meu lado sorrir. Acho que estou perdendo o jeito. Preocupo-me com você menina! Ao que todos responderam que também se preocupavam. Então Alana riu. O mais belo sorriso que podia sair daqueles lábios de menina. Não estava mais sozinha, todos ali se preocupavam com ela. Rostos que ela nunca havia visto dispostos a secarem suas lágrimas. Então chegou a hora de Carol sair de cena estava próximo do seu desembarque. E saiu dali com a certeza de que todos ficariam bem. Ela também.

ARLETE KLENS
Enviado por ARLETE KLENS em 11/01/2015
Reeditado em 22/11/2016
Código do texto: T5098666
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