Mãos ao alto!
Mãos ao alto!
Olhou lentamente para trás. Tinha medo do que veria. Pausou o movimento. Sentiu-se ligeiramente arrependido de nunca portar armas. A consciência ia e vinha, não queria ver aquilo. Pensou na consequência. Fez-se quieto. Mais quieto do que antes. Um tiro fisgou o ar e ruidou faiscante. Aturdiu-se. O sangue fervia silencioso. O coração vinha à boca. Pensou nas crianças que choravam. Choravam alto. Muito alto. Ele quieto. Elas gritavam. Virou-se de repente para trás, com medo. Os olhos arregalaram. Nublaram. Queria gritar, incrédulo. As mãos marinavam trêmulas. Sua voz interior gritava a todo pulmão NÃO. Deixou-se vegetar. Parecia que o corpo se esvaia aos poucos. Tombava devagar. Caiu obtusando ruído tosco. Caiu como caiu inerte o corpo da mulher depois do assalto.