Vó Coleta
De 'Vó Coleta' notícia já não se coleta. Entrou o século XX na boa marcha e se perdeu nalgum sendeiro da vida. A rigor, o que dela ouvi, da boca de tia Vicentina, a primogênita de sua filha Inhana, e portanto, vera neta de 'Vó Coleta' é que ela chegava ao povoado da Jaguaruna, para visitá-los de quando em vez, montada a cavalo.
Não especificava tia Vicentina se a vó vinha enganchada na sela, ou no 'silião, que era coisa mais apropriada para a mulher daqueles tempos e outros viajar sem certos desconfortos na cavalgada.
E a Vó Coleta vinha pois a cavalo. Possivelmente, saída lá das bandas dos Gaias, sua cavalgada 'havera' de ser coisa de umas boas duas horas. Sem trote. O tempo é que marchava a galope quando de sua permanência com a filha e os netos em penca: Vicentina, Isabel, Rita, Conceição, Constância, Antônio, Maria, Luís...
Algum mimo, uma rapadura, um queijo curado, 'havera' também de trazer no bornal, aquela Vó Coleta e discreta, para deixar gravada tanta alegria na lembrança das crianças com a sua chegada. Ou era o cavalo que mais alegrava a criançada?
Afinal, aquele bicho imponente, manso e obediente, ajaezado como antigamente, transportando a boa Vó Coleta, de repente, também vira gente.