Mas aquele sorriso...
 
Farol vermelho.

Tempo para pensar nas tarefas do dia: pegar as crianças na escola, dar banho nelas, arrumar a casa, preparar o jantar, dormir com o marido.
Tempo – era o que precisava, e com direito a farol vermelho para as coisas que não queria mais fazer...

Eis que uma buzina a tira de seus pensamentos. O motorista desce o vidro e sorri para ela.

Não conhecia aquele homem. Será que deixara a porta aberta? O sinal abriu? Nada disso, tudo estava certo. O que era então? Seria algum flerte? Não, impossível àquela altura do campeonato.

Definitivamente não sabia quem ele era, mas aquele sorriso... Ah! Aquele sorriso trazia-lhe o frescor de um tempo esquecido, algo bom e familiar, mas ao mesmo tempo mantido em segredo, como uma coisa que se evapora quando contada a alguém; uma janela que se abre para varrer a poeira antiga e trazer à luz lembranças, cheiros, sensações de uma era juvenil.

Farol verde.

Vida que segue.

Ele acenou e foi embora, deixando-a para trás com ares de surpresa, perguntas sem respostas mas, acima de tudo, esperança.

Algo teria que mudar...
Márcia Jordana
Enviado por Márcia Jordana em 06/01/2015
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