602-CLARINHA E O TRABALHO ESCRAVO
Clarinha, minha netinha, tem sete anos e é muito sociável. Seu quartinho de brincar, nos fundos da casa, é o ponto de encontro dela com Soninha, Lucinha, Débora, e outras coleguinhas de classe ou garotinhas da vizinhança. Ficam à vontade com suas bonecas, quebra-cabeças, bichinhos de plásticos, bolinhas coloridas, pedaços de papel, papelão, panos coloridos para recortar e muitos outros brinquedos.
Uma tarde, Anselmo, o pai, estava limpando a piscina para as meninas brincarem. Ao ver que elas abandonam o quartinho na maior bagunça, disse energicamente:
= Antes de entrar na piscina, vocês têm de organizar esta barafunda do quartinho de brinquedos. E bem rapidinho.
A desorganização era grande e desanimou as garotas.
Clarinha saiu e foi se queixar com a mãe, atarefada com as lides da casa. A menina chega e fica amuada perto da mãe.
= Que foi, Clarinha? = Fabíola perguntou.
= Mãe, o pai quer que a gente arrume o quartinho bem depressa. A gente num aguenta. Ele tá mandando a gente fazer trabalho de escravo.
ANTONIO GOBBO
Belo Horizonte, 18 de abril de 2010
Mini-conto da SÉRIE 1.OOO HISTÓRIAS