A BOMBONIÈRE DE CRISTAL
nair lúcia de britto
Quando chega o Natal, é comum as pessoas se lembrarem com melancolia daqueles que não mais participam da festa... Na hora da confraternização e da alegria, tem sempre alguém enxugando, disfarçadamente, uma lágrima.
Mas não há motivos para tristezas porque todos esses entes queridos que se foram continuam vivos, nos amam e zelam por nós. E, para comprovar o que eu digo, é que eu lhes conto esta história:
Mamãe sempre foi uma pessoa muito independente; por isso sempre trabalhou por conta própria. Foi costureira até que seus olhos pediram trégua. Passou, então, a ser vendedora de produtos de beleza; e era tão boa nos negócios que, frequentemente, era homenageada e premiada. Foram tantos os brindes, que as peças que foi colecionando davam até para montar um bazar!
Quando me deixou, deixou-me também esse legado. Eram peças ornamentais e úteis para casa, mas que eu não tinha onde guardar...
O que eu fiz?
Chamei parentes e amigos, para que escolhessem cada qual uma peça como lembrança. Fiquei só com uma linda estatueta de uma moça, vestida à moda antiga; e uma bela bombonière, toda trabalhada, imitando cristal.
O Natal estava próximo, e eu minha família estávamos de mudança do apartamento onde morávamos, para uma casa onde as crianças teriam mais espaço para brincar. Esperávamos festejar a data natalícia já na nova casa e meus filhos estavam radiantes com a novidade!
Alguns dias antes fizemos a mudança. Claro que eu estava feliz, mas o coração apertou quando, atendendo a apelos insistentes, dei a bombonière ao encarregado pela mudança, em agradecimento ao trabalho excelente. Mas, sabe quando a gente age impensadamente e, quando viu, já fez? Foi assim. O arrependimento calou fundo no coração, por ter me desfeito daquela preciosa lembrança de mamãe.
Passou... e procurei esquecer o assunto. Em vão! Era como um espinho cravado no peito e que machucava. Por que eu fiz isto? –- perguntava-me.
Depois da mudança, fui para a empresa jornalística, onde eu trabalhava.
Uma linda árvore de Natal enfeitava a enorme sala, e eu e os demais colegas estávamos alegres e ansiosos com os preparativos da festa do amigo-secreto.
À minha mesa, minha parceira de tarefas já me esperava. Assim que me sentei à sua frente, ela me ofereceu uma grande caixa:
-- É um presente para você!
Abri a caixa, sorrindo; curiosa e agradecida.
Foi quando me surpreendi com o presente incrível, que minha amiga me dera.
Uma bombonière idêntica, nos mínimos detalhes, àquela que mamãe me deixara e que eu, inadvertidamente, perdera.
Minha amiga não entendeu, na hora, o porquê de tanta surpresa, então contei-lhe a história da bombonière. Foi a vez dela de ficar surpresa... e rimos muito, juntas, de alegria, porque pudemos compreender que aqueles que nos amam de verdade, estejam onde estiveram, jamais nos esquecem.
nair lúcia de britto
Quando chega o Natal, é comum as pessoas se lembrarem com melancolia daqueles que não mais participam da festa... Na hora da confraternização e da alegria, tem sempre alguém enxugando, disfarçadamente, uma lágrima.
Mas não há motivos para tristezas porque todos esses entes queridos que se foram continuam vivos, nos amam e zelam por nós. E, para comprovar o que eu digo, é que eu lhes conto esta história:
Mamãe sempre foi uma pessoa muito independente; por isso sempre trabalhou por conta própria. Foi costureira até que seus olhos pediram trégua. Passou, então, a ser vendedora de produtos de beleza; e era tão boa nos negócios que, frequentemente, era homenageada e premiada. Foram tantos os brindes, que as peças que foi colecionando davam até para montar um bazar!
Quando me deixou, deixou-me também esse legado. Eram peças ornamentais e úteis para casa, mas que eu não tinha onde guardar...
O que eu fiz?
Chamei parentes e amigos, para que escolhessem cada qual uma peça como lembrança. Fiquei só com uma linda estatueta de uma moça, vestida à moda antiga; e uma bela bombonière, toda trabalhada, imitando cristal.
O Natal estava próximo, e eu minha família estávamos de mudança do apartamento onde morávamos, para uma casa onde as crianças teriam mais espaço para brincar. Esperávamos festejar a data natalícia já na nova casa e meus filhos estavam radiantes com a novidade!
Alguns dias antes fizemos a mudança. Claro que eu estava feliz, mas o coração apertou quando, atendendo a apelos insistentes, dei a bombonière ao encarregado pela mudança, em agradecimento ao trabalho excelente. Mas, sabe quando a gente age impensadamente e, quando viu, já fez? Foi assim. O arrependimento calou fundo no coração, por ter me desfeito daquela preciosa lembrança de mamãe.
Passou... e procurei esquecer o assunto. Em vão! Era como um espinho cravado no peito e que machucava. Por que eu fiz isto? –- perguntava-me.
Depois da mudança, fui para a empresa jornalística, onde eu trabalhava.
Uma linda árvore de Natal enfeitava a enorme sala, e eu e os demais colegas estávamos alegres e ansiosos com os preparativos da festa do amigo-secreto.
À minha mesa, minha parceira de tarefas já me esperava. Assim que me sentei à sua frente, ela me ofereceu uma grande caixa:
-- É um presente para você!
Abri a caixa, sorrindo; curiosa e agradecida.
Foi quando me surpreendi com o presente incrível, que minha amiga me dera.
Uma bombonière idêntica, nos mínimos detalhes, àquela que mamãe me deixara e que eu, inadvertidamente, perdera.
Minha amiga não entendeu, na hora, o porquê de tanta surpresa, então contei-lhe a história da bombonière. Foi a vez dela de ficar surpresa... e rimos muito, juntas, de alegria, porque pudemos compreender que aqueles que nos amam de verdade, estejam onde estiveram, jamais nos esquecem.