Deserto de Sabedoria

Sentado no alto daquela colina, uma figura suja e cansada se erguia sob o cascalho, mesclando-se com a paisagem de galhos retorcidos e poeira. Ao longe, nada se via , além de areia. O calor insuportável e o vento abrasante completavam o significado daquele lugar: o deserto.

Ao lado da figura, erguia-se uma enorme arvore, com uma sombra maravilhosa. Mas a pobre figura teimava em ficar ao sol, de pé, como se esperasse por uma ordem para poder entrar. O seu nome era R. E ele estava ali para se encontrar com uma das maiores mentes de todos os tempos. Em seu coração ardia a busca por conhecimento. Ele aguardava havia horas!! Segundo as instruções da mente brilhante , ele não poderia usufruir da sombra até que a mesma chegasse. E isso além de o intrigar, irritava-o profundamente. Ele espremeu a ultima

gota do cantil na boca e arremessou com raiva o mesmo no chão poeirento. Estava sedento. Ficou fitando a sombra convidativa da arvore e então pôde distinguir um objeto deixado no sopé da mesma: um galão de água . Ele apertou mais os olhos e viu que ele estava suando, gelado. Pode ver o gelo dentro dele. Meu Deus... Água e sombra! Que se dane , eu vou entrar!

E assim o fez. Contrariando as regras, ele entrou , abriu a garrafa, bebeu o liquido deliciosamente gelado e sentou-se a sombra da mesma. Não satisfeito, não agüentando de calor, tirou as roupas e aproveitou a doce brisa que percorria seu corpo. Despejou a água

gelada no corpo todo, acabando com o precioso liquido. Depois, deitou-se e rolou na relva macia, como um gato no cio.. Ah! Isso é que é vida! Deitado na relva , ele olhou para copa da arvore e finalmente conseguiu distingui-lo no alto de um galho próximo:

-Grande Filósofo Chines Ping Pong IV ! ! ! ! !

-Vejo que não lespeitou minhas instlucoes.

-Mas Mestre! ! ! Eu estava sem água! Eu não sabia se o senhor viria! E o calor....

-CALE-SE! Agola é talde! Me diga qual o motivo de sua vinda aqui...

-Mestre, mestre... Tenho tomado muitas decisões erradas... Tenho sido muito criticado e perseguido por isso. Preciso de sabedoria. Como me torno um sábio???????

O grande mestre riu do alto de seu galho. Ele coçou a barbicha, suspirou e disse:

-O grande sábio é aquele que faz boas escolhas.

-Mas mestre... isso é meio obvio não é? Como saberei se estou fazendo boas escolhas????????

O velho chinês sorriu mais uma vez.

-Simples: para se fazer boas escolhas, basta ter experiência.

-Olha mestre.. .nao quero questionar sua sapiência, mas isso também parece obvio! E como então eu consigo experiência???

O mestre desta vez não sorriu. Ele gargalhou.

-Meu pequeno inspeto... a lesposta é simples: FAZENDO MÁS ESCOLHAS.

-O QUE????!!!! Mas.. Como ..eu não entendo... . mestre, desça já aqui e me explique isso direito!!!!

-Eu descer aí??? – o grande filosofo tinha na cara um sorriso maroto – jamais! Embaixo desta alvole, clesce uma lelva celto?

-sim mestre, aqui embaixo tem uma relva macia .

-Ela é venenosa. Coça pla diabo. Este é o motivo pelo qual mandei voce me espelá fola da sombla. Veja pequeno insepto: voce tinha que escolher entre me obedecer e ficar na sombla. Voce fez uma escolha. Elada, obviamente. Mas com isso, voce ganhou sabedolia: sabe que não deve me desobedecê!!! Dá ploxima vez, falá escolha melhô! Selá mais expeliente!

-Put#$%$# Pariu Mestre! E agora? Já estou empolando! Eu rolei pelado nesta relva! O que eu faço???

-Plimeilo me diga se voce entendeu o que eu disse!!!

-AAARGGHH !!! ! ta coçando! Eu entendi! Pra fazer boas escolhas, é preciso

experiência. A experiência se ganha fazendo más escolhas! Resumindo, errar faz parte do processo para se tornar um grande sábio!! ARRRGG!!!!

-Excelente !!! Voce entendeu. Agola, pala se livlá do veneno da planta , basta passá água gelada no colpo. Se não me engano deixei um galão aí embaixo...

O grito de desespero que veio em seguida ecoou por todo o vale. Ele se coçou por dias... O grande mestre sumiu na copa da arvore e não foi mais visto pelo seu pupilo por um bom tempo...