O Grande Mestre

A reunião tinha sido um fracasso. Não era um ser humano que caminhava pelas fétidas ruas do centro naquela hora avançada... era um trapo. Eu havia convocado a reunião para chamar atenção de minha equipe sobre o mau atendimento, a fraca limpeza da loja e o péssimo hábito de deixarem o telefone tocar até a exaustão... De alguma maneira tudo havia saído errado. Logo no começo eles se uniram e vomitaram milhares de problemas que não tinham nada a ver com o assunto...Fui massacrado. Tudo estava tão tranqüilo, não entendia como deu errado. Na minha cabeça nervosa, nomes se formavam para futuras demissões. Como ousam?! Bando de babacas! Ao chegar perto de uma esquina fui guardar a chave da loja no bolso e foi aí que tudo aconteceu. Trêmulo de raiva , não pude controlar minhas mãos que largaram o molho de chaves. É claro que nesta hora, eu estava em cima de uma boca de lobo! Céus!!!!! Era a chave da loja e não estava assim tão fora de alcance, mas quando se trata de uma boca de lobo no meio do centro de Belo Horizonte, centímetros viram metros!!! Não podia arriscar em deixar as chaves ao alcance de qualquer um! Muitos da fila de ônibus próxima haviam visto o acontecido e algumas senhoras já trocavam idéias malucas sobre como eu iria recuperar a chave...Velhas fúteis.... Uma banquinha de churrasquinho na mesma esquina estava a todo vapor e antes que eu pudesse balbuciar qualquer palavra o churrasqueiro derrubou um monte de molho de carne de gato com restos de sebo na sepultura de minhas chaves... PQP minha Sogra!!!!!! Mas que azar !!! Tudo dando errado! E agora???? Ajoelhei no chão e com um pauzinho de churrasquinho comecei a enfiar a mão naquele abismo nojento. Foi neste instante que eu vi o maior rato da minha vida. Eu cheguei a pensar que tinha uma criança lá dentro! O roedor era tão grande que parecia um castor! Tirei a mão rapidamente e ajoelhado olhei para o jazigo imundo de minhas chaves... Foi então que uma sombra se formou a minha frente e ouvi uma voz que me era muito familiar:

- O seu coflinho está apalecendo...

-GRANDE FILÓSOFO CHINÊS PING PONG IV!!!!!!!!! MESTRE, O SENHOR POR AQUI???

-Tava comendo chulasquinho bão né? -vejo que tem ploblemas .. Chaves né?

Passei a mão no rosto desanimado...

-Antes fossem só as malditas chaves mestre... tô vindo de um massacre!

O mestre olhou a boca de lobo e disse:

-humm...vou ajudá amigo ocidental! Enquanto isso me conte soble o massacle!

Rapidamente relatei ao grande Mestre tudo o que tinha ocorrido na reunião.

O velho sábio sentou-se no passeio e começou a tirar os cadarços do sapato. Não entendi aquele movimento mas não ousei questionar o grande pensador.

-O que vc acha que aconteceu de errado mestre? – falei eu – Acho q não tenho sorte mesmo...

-Não blasfeme! Não existem homens de solte! E sim homens bem tleinados ou mau tleinados!!

- Uau mestre... Como o senhor sabe tanto? De onde tirou isso?

-Chamas da vingança com Denzel Washington. Ele fala isso. Não sou sábio, só um tolo se considela sábio. Mas me diga pequeno imbecil, voce é tleinado ou destleinado?

-Er... Bem... Eu procuro me atualizar e....

-Bulo!!! Você não se prepalou pala a leunião! nao se plepalou pala os questionamentos óbvios que viliam dos funcionalios! Foi flaco polque foi pego de sulplesa! Foi covalde devido ao desplepalo!!!!!! Destleinado, isso sim você é!

-Tem razão mestre... eu errei.. Se eu antecipasse e preparasse a reunião, teria me saído muito bem...Eu sei quem se preparou para a reunião: os vendedores.... eles estavam unidos e sabiam o que falar...

-Agola voce já sabe meu pequeno gafanhoto - O grande filósofo chinês se levantou e mostrou o equipamento que vinha construindo enquanto conversávamos... Seus cadarços de sapato unidos por um nó com um ganchinho feito com um anel de lata. Sinistro! Com a agilidade de um mangusto o chinês pescou minhas chaves e devolveu-as com um sorriso maroto!

- filho, já fui pescado né?

-Mestre....o que posso fazer para recompensá-lo??

-O chulasquinho de lombo ta muito bom né?

Fomos para a pequena churrasqueira na esquina onde o mestre encheu a mão com 4 espetinhos em cada. Ele certamente comia muito para um filósofo... O churrasqueiro jogou água na brasa e a fumaça subiu cegando meus olhos. Quando consegui abrir o mestre havia sumido.. Típico... Me deixou a conta pra pagar...

R Andrade
Enviado por R Andrade em 11/12/2014
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