Chiquinho e família
O Chiquinho da Firmina era parente da gente. E bem transparente. Nunca deixava de visitar vovó Inhana, que o recebia com aquela modesta, mas sincera euforia. Vinha sempre com a família, que não era muito grande, mas no momento só me ocorre o nome da filha primogênita, a Sandra, parrudinha, que regulava conosco, seus primos de São Gonçalo do Brumado.
Chiquinho vinha não mais que uma vez ao ano, mas não havia engano, sua amizade tinha tutano. Empregara-se no Banco do Brasil, em função singela, mas que distinção era aquela. E, no entanto, em meio ao operariado fabril do Brumado, nele não se via sinal de jactância, ou outra ingrisia. Mantinha-se fiel às raízes roceiras, à busca de eiras e beiras.
Duma feita, meu pai convidou-o a dar uma nadada no rio São João, que margeava o povoado e dumas belas ingazeiras vinha orlado. Todo alegre, Chiquinho aceitou o convite e foi testar seu limite. Contudo o que se verificou, quando como um machado n´água se projetou é que o coitado, envergonhado de avisar, não sabia nadar.
Meu pai, embora acostumado a lidar com as correntezas, que a voó viu pela greta, cortou um dobrado para salvar o amigo, e com algum milagre contou, tenho comigo, até que o levasse a mais seguro abrigo.
Coincidiu aquela quase sinistra visita com o afastamento paulatino do primo tão festejado. Também, em boa coincidência ganhara o Chiquinho uma transferência.
Mas não sumiu de todo. A cada fim de ano era aquela alegria quando o correio seu cartão natalino nos trazia. E sempre se repetia, com os votos de feliz natal de Chiquinho e família.