NO BALANÇO SUAVE DO METRÔ

Todos nós que nos utilizamos dos transportes públicos de massa para nos deslocarmos, já estamos acostumados com os diversos perfis dos nossos companheiros de viagem.

São passageiros com volumosas mochilas, bolsas, sacolas, alguém falando desregradamente ao celular, outro com o som do celular em volume extravagante, os chamados “sem noção”.

Há também aqueles falastrões, os mal-humorados, os ensimesmados, os leitores e tantos outros tipos. Nós próprios compomos essa diversidade.

Certo dia, ao adentrar em um dos vagões do metrô e me acomodar, retirei da pasta um livro e, antes de abri-lo, observei os passageiros ao meu derredor.

Alegrei-me ao perceber que a maioria deles também aproveitavam a tranquila viagem sobre os trilhos, para se desfrutarem da leitura de sua preferência.

A minha colega de banco, por exemplo, lia, compenetrada, a sua Bíblia Sagrada.

Em todo aquele contexto chamou-me a atenção uma moça com aparentemente uns 25 anos de idade, que se encontrava a aproximados 5 metros de onde eu estava.

Embora só a visualizasse da cintura para cima, o cuidado com a maquiagem, com a cor do batom, a blusa bem comportada, sugeria: “hoje vou sair para seduzir”.

Não que ela objetivasse efetivamente sair com alguém. Provavelmente ela apenas queria se sentir atraente naquele dia. Pois se encontrava compenetrada na leitura de um volumoso livro, aparentemente de romance. Não buscava flerte com ninguém. Apenas insinuava, pelo conjunto da obra.

Como dizem os analistas do comportamento humano: “a maneira como nos vestimos e a nossa postura, dizem mais sobre nós que as nossas próprias palavras”.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 25/11/2014
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