Minha mãe e minha irmã na época do
conto "Cara de Bandido"
Cara de bandido
O DKW, 1960, deslizava suave pela via Dutra. A família ia feliz rumo a Penedo, antigo distrito de Rezende, no Rio de Janeiro. Estávamos na década de 60, do século passado.
Tudo corria bem, com o filho de 18 anos dirigindo o carro e seu velho pai, ao lado, servindo de copiloto, anotando todos postos de gasolina existentes no trajeto Rio- Penedo. Vangloriava-se, o pai, sempre de óculos ray-ban bem escuros, saber detalhadamente todos os pormenores da estrada. Considerava-se o navegador da viagem, um autêntico GPS dos tempos modernos.
No banco traseiro, a filha pequena e a matriarca da família, conhecida pela sua determinação e atitudes fortes. Na verdade, manobrava e pilotava a família, sem a menor dúvida.
Tudo corria bem, a não ser por um detalhe intrigante e exasperante. O carro era parado pelo menos umas dez vezes pela polícia federal. – “Pare o carro, Gil, pare com cuidado e sem demonstrar medo da polícia, afinal você tem cara ainda de menino.” – dizia infalivelmente o pai, com seus belos óculos na cara.
Documentação em dia, os policiais liberavam, desejando boa viagem.
Dentro do carro a discussão: - por que toda vez nos param? É a cara de menino do Gil? - “Claro, dizia meu pai, o navegador”,
Mas nesse dia, a matriarca resolveu dar um basta a essas paradas que atrasavam a viagem.
- Pare o carro, Gil, não viu a polícia fazer sinal? Era meu pai com voz de comando. Parei o carro. Nova verificação dos documentos. Tudo certo. Novos desejos de boa viagem.
Dei a partida. A matriarca, já de saco cheio, vira-se para meu pai e dá a sua decisão. – Olha, Moacyr, você pode até continuar a copilotar, mas tira já esses óculos escuros porque, feio e ficando velho, você está com cara de bandido.
Nunca mais foram parados pela polícia federal. Mamãe sempre tinha razão...
Nota: O trabalho e as viagens profissionais deram-me trégua neste final de mês.
Tudo corria bem, com o filho de 18 anos dirigindo o carro e seu velho pai, ao lado, servindo de copiloto, anotando todos postos de gasolina existentes no trajeto Rio- Penedo. Vangloriava-se, o pai, sempre de óculos ray-ban bem escuros, saber detalhadamente todos os pormenores da estrada. Considerava-se o navegador da viagem, um autêntico GPS dos tempos modernos.
No banco traseiro, a filha pequena e a matriarca da família, conhecida pela sua determinação e atitudes fortes. Na verdade, manobrava e pilotava a família, sem a menor dúvida.
Tudo corria bem, a não ser por um detalhe intrigante e exasperante. O carro era parado pelo menos umas dez vezes pela polícia federal. – “Pare o carro, Gil, pare com cuidado e sem demonstrar medo da polícia, afinal você tem cara ainda de menino.” – dizia infalivelmente o pai, com seus belos óculos na cara.
Documentação em dia, os policiais liberavam, desejando boa viagem.
Dentro do carro a discussão: - por que toda vez nos param? É a cara de menino do Gil? - “Claro, dizia meu pai, o navegador”,
Mas nesse dia, a matriarca resolveu dar um basta a essas paradas que atrasavam a viagem.
- Pare o carro, Gil, não viu a polícia fazer sinal? Era meu pai com voz de comando. Parei o carro. Nova verificação dos documentos. Tudo certo. Novos desejos de boa viagem.
Dei a partida. A matriarca, já de saco cheio, vira-se para meu pai e dá a sua decisão. – Olha, Moacyr, você pode até continuar a copilotar, mas tira já esses óculos escuros porque, feio e ficando velho, você está com cara de bandido.
Nunca mais foram parados pela polícia federal. Mamãe sempre tinha razão...
Nota: O trabalho e as viagens profissionais deram-me trégua neste final de mês.