Que fim levou o Veganin?
O Veganin fazia parte do acervo de remédios que papai tinha na subseção da farmácia do Hélio, para atender a freguesia do povoado de São Gonçalo do Brumado. Estava na companhia do Veramon, do Fontol, das ampolas de injeção e até do sal de grabo.
Naquela comunidade de operários têxteis, além da reza, a busca por remédios era dum frequente renitente. As famílias eram, de hábito, numerosas e, pra quase tudo, injeção era a solução mais à mão. Para o braço, ou a bunda, não parecia haver invenção mais fecunda. Entre elas, das vermelhas às amarelas, destacava-se a penicilina, que vinha em pó e se liquefazia para ser injetada. E vai ver que até Aecinho, em menininho, já tomou sua agulhada. Bem antes de Dilma dar-lhe a palmada.
O Veganin, que vinha num envelopinho, estampado com uma mulher levando as duas mãos à testa, não requeria explanação. Ostensivo, fazia-se bem vivo. E, ao que consta, passava pelo crivo.
Aquela divina orgia, de gente que entrava e saía e que nos dava tanta alegria - e curara alguma alergia - durou pouco, no entanto. Papai, que se prodigalizava no atendimento aos enfermos e outros termos, não conseguia conciliar as compulsórias horas de fábrica com as necessidades crescentes da comunidade. Rara era a noite que não acordava a uma aflita batida na janela para atender o chamado urgente de uma terramicina, uma aurisedina, com a madrugada ainda pequenina...
Devolveu a incumbência para recuperar a paciência. Algum resíduo contudo ficou. E do Veganin, tenho pra mim, entre uns poucos, restou. Depois que pelo mundo me espalhei, e farmácias evitei.
E ali então foi que o Veramon resolveu dar o tom…